por: Jeorge Cardozo*
RESENHA
Falando sobre as Raízes da Ecologia Humana e do Ecossistema Humano os autores trazem as definições de fundo teórico de autores que, ao longo do tempo, fizeram estudos ou pesquisa a cerca do tema cima, como Arthur Tansley e E. P. Odum, 1953, que resultou na aplicação comum do uso de ecossistema como um conceito organizador. Já na contemporaneidade, autores como J. Hagen (1992), Golley (1993), ambos limitaram suas discussões ao surgimento de uma ecologia biológica que exclui o Homo sapiens. (P. 03).
Posteriormente, autores como Field e Burch, 1988; Micklin, 1977 e Hawley, 1950, 1986, definiram como pontos centrais uma ecologia humana residem primeiramente na ecologia geral, na sociologia e na antropologia. Destarte, sociólogos da universidade de Chicago nos anos 20 e 30 deram aplicação de princípios ecológicos gerais na atividade humana. Neste mesmo período, sociólogos como R. E. Park e E. W. Burgess (1921) fizeram analogias entre comunidade humanas e não humanas, descrevendo relações sociais sim bióticas e competitivas como uma teia orgânica. Concomitantemente, antropólogos como J. H. Steward (1955), J. W. Bennett (1976) entre outros, começaram a empregar o ecossistema como uma ferramenta para organizar o trabalho de campo e a pesquisa. Já a escola de Chicago tratou a comunidade (significando a cidade) como uma unidade chave de análise, o foco limitado nas relações especiais e na vida urbana levou, eventualmente, a uma procura por um arcabouço mais holista. (P. 03).
Nos anos 50 e 60, autores como Catton, 1982; Duncan, 1964 definiram o ecossistema humano como a interação entre população, organização e tecnologia em reposta ao ambiente e, estas, como as variáveis principais da ecologia humana; sua interação o ponto central do ecólogo humano. Diferentemente, (Dietz e Rosa, 1984; Erlich e Erlich, 1970) ao invés de escrever os ecossistemas humanos, modificou as interações a fim de estimar os impactos ambientais como uma função da população, posses e tecnologia. (P. 03).
Por fim, nos anos 80 e princípios dos 90, antropólogos como E. F. Moran (1990), sociólogos como W. R. Burch Jr e seus colegas e alunos (Burch e DeLuca, 1984), e ecólogos, tais como H. T. Odum (1983) e E. P. Odum (1993), empregaram o ecossistema humano como um arcabouço teórico, que, mais tarde foi aplicado em pesquisa arqueológica por (Butzer, 1990), política energética (Burch e DeLuca, 1984), ameaças a parques nacionais (Machlis e Tichnell, 1985) e impactos antropogênicos sobre a biodiversidade (Machlis, 1992). (P. 03).
Destarte, G. E. Machlis; J. E. Force; W. R. Burch Jr, neste artigo, definem o ecossistema humano como um sistema coerente de fatores biofísicos e sociais capazes de adaptação e sustentabilidade ao longo do tempo. Exemplificando, uma comunidade rural pode ser considerada um ecossistema humano se ela exibir fronteiras, fluxos de recursos, estruturas sociais e continuidade dinâmica. Ainda, segundo estes autores, os ecossistemas humanos podem ser descritos em várias escalas espaciais e estas escalas são hierarquicamente ligadas. Portanto, assim, uma unidade familiar, uma comunidade, um município, uma região, nação, ou, mesmo, o planeta podem ser tratados com sucesso como um ecossistema humano. (P. 03).
Como Componentes Chaves do Ecossistema Humano, os autores citam os seguintes: Recursos Naturais: Energia. Habilidade de realizar trabalho ou produzir calor; Terra. Inclui tanto a superfície terrestre como o subsolo e as características subterrâneas; Água. Incluem os estoques superficiais, subterrâneos e marinhos; Materiais. Incluem produtos básicos grandemente derivados de recursos naturais; Nutrientes. Incluem toda a gama de fontes alimentares usadas pela população humana; Flora e Fauna. São recursos críticos devido à sua função como fontes de nutrientes e materiais; uma ampla gama da flora tem valor ecológico, sociocultural e econômico. Recursos Socioeconômicos: Informação. É o suprimento necessário para qualquer sistema biofísico ou social; População. Inclui o número de indivíduos e o número de grupo social; Trabalho. Tem muitas definições; no modelo de ecossistema humano é definido como a capacidade do individuo para o trabalho (os economistas denominam isto como força de trabalho; Thompson, 1983); e Capital. Em definição restrita, o capital é “bens físicos duráveis produzidos no sistema econômico para serem usados para a produção de outros bens e serviços” (Eckaus, 1972). Recursos Culturais: Organização. No modelo de ecossistema humano, a organização é tratada como um recurso cultural necessária para criar e sustentar os sistemas sociais humanos; Crenças. São afirmações sobre a realidade aceitas como verdadeiras por um individuo. (Boudon e Boourricaud, 1989; Theodorson e Theoodorson, 1969); e Mitos. Para o ecólogo humano, mitos são narrativas do sagrado em uma sociedade; eles legitimam os arranjos sociais (Malinowski, 1948) e explicam as experiências coletivas (Burch, 1971). Instituições Sociais: Saúde (medicina). Abrange toda a gama de organizações e atividades que lidam com as necessidades do ecossistema humano referentes à saúde; Justiça (lei). O problema coletivo de justiça permeia todos os sistemas sociais humanos; seu papel nos ecossistemas humanos é crítico; Fé (religião). Para o ecólogo humano, a religião é uma instituição que tem dois componentes: (1) sua função social como um sistema de organizações e rituais que unem as pessoas em grupos sociais (Durkheim, 1938) e (2) um sistema coerente de crenças e mitos (Weber, 1930); Comércio (negócio e indústria). Todas as sociedades necessitam de um sistema para troca de bens e serviços, e a instituição do comércio é fundamental para esta troca (Durhheim, 1933); Educação (escolas). Um individuo do Homo sapiens nasce com uma falta severa de conhecimento necessário para sobreviver, se adaptar e interagir com os outros; Lazer (recreação). (Meios, culturalmente influenciados, pelos quais usamos nosso tempo livre) é uma instituição importante em todos os ecossistemas humanos, menos nos mais rigorosos (Cheek e Bursh, 1976); Governo (política). O subsistema político é, ao mesmo tempo, um componente central dos ecossistemas humanos e um resultado de numerosos outros componentes (tais como organização, mitos e instituições legais [Shell, 1969]); e Sustento (agricultura e manejo de recursos). A garantia do sustento (alimento, água potável, energia, abrigo e outros recursos críticos) é um desafio central e coletivo enfrentado por todos os sistemas sociais (Hawley, 1950). Ciclos Sociais: Ciclos fisiológicos. O Homo sapiens desenvolveu uma série de ciclos fisiológicos que influencia profundamente o comportamento humano. Por exemplo, ciclos diurnos de dia e noite criam picos de atividades de trabalho e de lazer, os ciclos menstruais controlam os padrões de reprodução; Ciclos individuais. Além dos ciclos fisiológicos, os indivíduos podem seguir ciclos temporais que são pessoais e idiossincráticos; Ciclos institucionais. Cada uma das instituições sociais descrita acima tem (ou cria) ciclos sociais que controlam o fluxo das atividades relevantes (Burch e DeLuca, 1984); e Ciclos ambientais. Nem todos os ciclos são socialmente determinados: os ciclos ambientais são padrões naturais que podem influenciar consideravelmente o ecossistema humano (Bormann e Likens, 1979). Ordem Social: Identidade. O uso da identidade é um dos principais meios pelos quais os sistemas sociais mantêm coerência e a capacidade de funcionar; Normas sociais. Normas são regras para o comportamento, o que Abercrombie et al. (1988) nomearam os “princípios para a ação social”. Normas informais são administradas em função da desaprovação da comunidade ou grupo social: desvios da norma são noticiados, mas as sanções são leves; e Hierarquia. É um mecanismo importante na diferenciação social e no manejo da ordem social. (P. 4, 5, 6, 7 e 8).
Falando sobre as Aplicações Potenciais do modelo de Ecossistema Humano, que, é colocado pelos autores em cinco dimensões quais sejam: Primeira, o modelo poderia ser empregado como um arcabouço organizador para avaliações de impacto social (AISs) associados a planos de manejo de ecossistemas; Segunda, o modelo poderia servir como um guia para o desenvolvimento de indicadores sociais para o manejo de ecossistemas; Terceira, e uma extensão da aplicação descrita acima, é o uso do modelo de ecossistema humano como uma base para monitorar outros programas diretamente ligados às atividades das agências de recursos naturais; Quarta, o modelo poderia servir como uma introdução às ciências ecológicas humanas para os atuais e futuros gestores de ecossistemas; e Quinta, o conceito de ecossistema humano oferece uma encruzilhada intelectual para os cientistas sociais que trabalham com temas relativos ao manejo de ecossistemas. (P. 10 e 11).
Concluindo este artigo, os autores dizem que o ecossistema humano tem grande potencial como um conceito organizador para o manejo de ecossistemas. Nosso modelo os diz de ecossistema humano, nossa seleção de variáveis e a importância que colocamos nelas são, logicamente, preliminares. (P. 11).
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*Jeorge Luiz Cardozo é professor mestre da Faculdade Dom Luiz/Dom Pedro II e Assessor Técnico da Secretaria Municipal da Educação de Salvador.
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