terça-feira, 18 de dezembro de 2012

-DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO.




Por Jeorge Cardozo

A divisão social do trabalho é o modo como se distribui o trabalho nas diferentes sociedades ou estruturas socioeconômicas e que surge quando grupos de produtores realizam atividades específicas em consequência do avanço dum certo grau de desenvolvimento das forças produtivas e de organização interna das comunidades. Com a determinação de funções para 
as formas variadas e múltiplas do trabalho constituem-se grupos sociais que se diferenciam de acordo com a sua implantação no processo de produção. Tais grupos correspondem ao estatuto que adquirem dentro da sociedade e ao trabalho que executam.
Numa fase inicial, a divisão do trabalho limitava-se a uma distribuição de tarefas entre homens e mulheres ou entre adultos, anciãos ou crianças, em virtude da força física, das necessidades ou do acaso, sem que tal conduzisse ao aparecimento de grupos especializados de pessoas com os seus próprios interesses ou características, não originando, portanto diferenças de natureza social.
O desenvolvimento da agricultura originou profundas divisões sociais no trabalho. Os arroteamentos florestais, os grandes saneamentos de zonas pantanosas, a introdução de pesados instrumentos agrícolas, a lavra da terra com a ajuda de animais de tração, tornaram-se trabalhos demasiado pesados que acentuassem uma separação de atividades entre homens e mulheres, com a concomitante passagem do matriarcado ao patriarcado.
Esta mudança abriu uma brecha na organização gentílica e refletiu na posse dos bens materiais. A família adquiriu a característica de uma unidade de produção e de transmissão hereditária de bens, entretanto acumulados. A divisão social do trabalho entre os sexos tornou-se muito nítida. Os trabalhos domésticos foram-se transformando em ofícios especializados e as mulheres, sobretudo a partir da introdução do arado, terão deixado o trabalho agrícola mais pesado e dedicado mais à horticultura, á recolha de frutos e plantas comestíveis, criação de animas doméstico, à fiação, tecelagem e olaria, atividades concretizadas em áreas muito próximas dos próprios locais de residência. As mulheres ficaram assim excluídas duma participação ativa na vida social e política, situação que ocorreu em todas as civilizações. Não gozavam de qualquer dos privilégios políticos conferidos pela cidadania, não participando em assembléia  na magistratura ou em qualquer posição social comparável. É claro que havia diferenças entre as mulheres escravas, as mulheres de homens livres ou as de membros de nível elevado da sociedade. Mas, mesmo nestes casos, em que as mulheres nada produziam e gozavam de condições materiais excelentes na sua vida quotidiana, a sua existência desenrolava-se meramente num contexto dum sistema de vida patriarcal.
As tribos que povoavam territórios dotados de ricas pastagens tendem a abandonar a agricultura e a dedicar-se à criação intensiva de animais, originando a formação de comunidades nômades. À medida que se desenvolve a atividade agrária, destacam-se as tribos com atividades exclusivamente pastoris. Esta separação contribuiu para elevar sensivelmente a produtividade do trabalho e criou as premissas materiais para o aparecimento da propriedade privada.
A ocupação de todo o tempo de alguns indivíduos na atividade agrícola impede que se dediquem simultaneamente a produzir os instrumentos e os artefatos que lhes são necessários. O uso de novos instrumentos de trabalho mais aperfeiçoados e complexos determina uma especialização que contribuiu para o aparecimento dos artesãos, indivíduos dedicados exclusivamente ao seu fabrico e manutenção. Surgem assim artífices independentes que ocupam a totalidade do seu tempo na criação desses meios de produção, que depois terão de trocar por gêneros alimentícios. O desenvolvimento destas atividades especializadas culmina na separação entre o artesanato e a agricultura, que conduziu à intensificação das trocas diretas internas e, posteriormente, das trocas indiretas através do mercado e, por fim, ao aparecimento da atividade mercantil. Esta especialização do trabalho tende a alargar-se à pesca. O papel dos agricultores-pescadores tende a diminuir para aumentar o de profissionais voltados exclusivamente para esta faina, quer na água doce, quer no mar.
À medida que aparecem profissões diversificadas, acontece que os indivíduos mais concentrados num determinado tipo de atividade têm de recorrer à troca daquilo que produzem pelos objetos que eles próprios não produzem, mas de que precisam a fim de satisfazer as suas necessidades profissionais, além das individuais ou familiares. A intensificação do intercâmbio entre estes grupos de produtores especializados, a formação de excedentes e a entrega de tributos em dinheiro às classes com um estatuto dominante, ampliou a necessidade de produzir artigos destinados à troca, dando lugar à produção com um propósito mercantil e à formação duma classe de mercadores.
A divisão do trabalho desencadeada pelo incremento da atividade comercial, ligada à ampliação das aditividades transformadoras e da navegação, deslocou o centro dos interesses econômicos do interior para o litoral. Ao lado da divisão entre agricultores, artesãos e mercadores, passou a existir outra, entre trabalhadores rurais e citadinos, que corresponde, total ou parcialmente, à oposição entre o campo e a cidade. Na estrutura urbana observa-se uma distinção entre sectores comerciais, administrativos, culturais, transportadores, artesanais e até agrícolas, fenômeno com menor relevância nos meios rurais.
A divisão social do trabalho manifesta-se também entre trabalho mental e material. O processo geral alcançado a nível bastante elevado de separação entre o trabalho intelectual e o trabalho físico, levou ao surgimento duma elite que escapava ao quadro dos interesses dos diferentes estados.
As distintas fases de desenvolvimento da divisão social do trabalho contribuíram para elevar sensivelmente a produtividade do trabalho e criar as premissas materiais para o aparecimento da propriedade do solo, da apropriação dos meios e dos produtos do trabalho. Contribuiu igualmente para tornar mais consistente a existência de sociedades baseadas na divisão entre classes dominantes e classes subordinadas.
Sob o capitalismo, a produção especializa-se e tem como objetivo exclusivo a obtenção de lucro. A divisão social do trabalho desenvolve-se espontaneamente, com o avanço desigual dos diferentes ramos de produção, acompanhado duma luta constante competitiva e duma desordem e dissipação do trabalho social. Os limites das economias nacionais são ultrapassados pelo desenvolvimento do comércio internacional, circunstância que dá lugar a uma divisão internacional de trabalho.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

-MORRE O MESTRE NIEMEYER.




Por Jeorge Luiz Cardozo

Se a complexidade que o movimento arquitetônico delineado por Niemeyer representou na historia recente do Brasil deve ser vista como raiz de nossa consciência que, até então, encontrava adormecida na contemporaneidade, então não se deve ressaltar apenas a dimensão metódica e harmoniosa dos seus traços em torno de um só eixo dessa consciência de avançarmos não só como sociedade em desenvolvimento, mas, acima de tudo, como sujeito crítico de um desenvolvimento desigual e não linear. Deve haver no pensamento de Niemeyer um espaço equivalente para a fantasia, a angústia, o desejo, à vontade, a sensação e o medo também das mudanças em curso. Neste sentido ‘e que estaríamos construindo uma sociedade mais igual, mergulhando fundo em nossa raiz, neste sentido ‘e que seriamos realmente radicais e poderíamos de fato, fazer uma sociedade socialista como preconizava o grande mestre Oscar Niemeyer... Saudações eternas, grande mestre.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

-AS MASSAS, A POLITICA E O POLITICO.




Por Jeorge Luiz Cardozo

Mas como se põe o povo em relação à política e o político nos dias de hoje? Há crenças no político e na política atualmente? Essas perguntas representam uma posição embaraçosa. Por força da tradição, a política e o político ‘e palidamente respeitada, mas, no fundo, objeto de desprezo pela maioria da população brasileira. A opinião corrente ‘e de que a política e o político nada fazem e carece de qualquer utilidade prática. ‘E escachada em público, mas, existirão realmente fundamentos nessas analises? A incapacidade técnica e moral de grande parte dos políticos merecem tal descrença.       
A descrença se traduz no fato de que a cultura política delineada em nossa sociedade ‘e de que, os políticos, na sua maioria, na fazem nada, só compram votos, e, depois, eleitos, só fazem roubarem. Destarte, a população mais carente (que são a maioria), não a compreende; diz que está além do seu alcance; não tenho vocação para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale dizer: ‘e inútil o interesse pelas questões fundamentais da política; cabe as massas absterem-se de pensar no plano geral para mergulhar, através de trabalho consciencioso, num capitulo qualquer de atividade prática ou intelectual o que seja a política e o papel do político; quanto às minorias, abastadas, essas dominadoras do capital e, portanto, detentoras dos meios ideológicos de dominação fomentam essa idéia de que política ‘e coisa de poucos, especialmente, de quem tem capital.
A polêmica torna-se encarniçada, por um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a política e o político, mas, no entanto, na hora H, fazem campanhas ferrenhas pra seus candidatos, geralmente, em troca de pagamento, ou, deslumbrando uma possibilidade de emprego.
Essa idéia ‘e perigosa. Se o povo a compreendessem tal teoria, adquiriam outro estado de espírito, veriam a política e o político, como sujeitos que são pagos para cuidar da coisa pública, e, não negociadores de votos e de cargos.  
‘E dessa má crença, que surgem os detratores que desejam afirmar que todo político não presta e são ladrões. Portanto, ‘e preciso substituir essa velha fórmula de se fazer política, por algo novo e totalmente diverso. Ela, a política e o político são desprezados como produto final e mendaz de uma cultura falida. A insensatez das preposições do povo e, até mesmo, dos políticos, ‘e ironizada. E a política vê-se denunciada como instrumento servil de poderes e ostentações para poucos.
Muitos políticos vêem facilitando seu nefasto trabalho pela ausência de uma cultura ética e moral inclusiva. Massas são manipuladas quando não pensam, mas tão-somente usam de uma inteligência de rebanho. ‘E preciso impedir que as massas se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a política e o político sejam vistos como algo entediante, longe do alcance das maiorias, para que, essas minorias abastadas, se apossem do poder, criando essa idéia de distancia entre os “cidadãos” e o poder político e econômico vigente.
Assim, a política e o povo se verem rodeado de inimigos, a maioria dos quais não tem consciência dessa condição. A autocomplacência burguesa, os convencionalismos, os hábitos de vender e comprar votos dá a política e o político o “status” de autodistante das massas.
Embora pareça crer que todos os políticos são corruptos, essa ‘e uma premissa falsa. Temos como poucos exemplos de nomes na política que, historicamente são honestos e, aqui tomamos a audácia de citar alguns nomes: Eduardo Suplicy, Pedro Simon, Waldir Pires, Ivan Valente, Heloisa Helena, entre outros menos conhecidos que, até que se prove ao contrario, são honestos.
O que precisamos então, ‘e de educar melhor o povo, partindo pelos próprios educadores que, no nosso dia a dia, são os primeiros a se utilizarem da má fé no processo eleitoral, apóiam candidatos em troca de angariar futuros cargos e, até mesmo, buscar promoções. Eis ai, uma das causas da grande descrença das massas na política e no político, a péssima qualidade da educação.