segunda-feira, 7 de junho de 2010

- Manifesto contra prisão da liderança indigena Glicéria.

Por: Professor Cardozo


A Articulação dos Povos indígenas do Brasil (APIB) manifesta profunda

indignação contra a prisão arbitrária da liderança indígena Glicéria, do

Povo Tupinambá, e seu bebê de apenas dois meses, na tarde desta

quinta-feira, dia 3. Ela foi presa de forma constrangedora e violenta

por agentes da Polícia Federal ao desembarcar no aeroporto de Ilhéus na

Bahia.

Glicéria Tupinambá é membro da Comissão Nacional de Política Indigenista

(CNPI) e havia participado no dia anterior da 13ª reunião ordinária da

comissão, conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o

encontro, ela denunciou os crescentes atos de violência e violações de

direitos humanos cometidos contra o Povo Tupinambá pela Polícia Federal,

proprietários de terras e autoridades judiciais da região sul da Bahia.

Após ser interrogada na sede Polícia Federal em Ilhéus, Glicéria foi

transferida, acompanhada de seu bebê, para um presídio na cidade de

Jequié, distante cerca de 200 km de sua aldeia. Ela é a terceira pessoa

de sua família a ser presa por agentes da PF. Seus irmãos, Rosivaldo

Ferreira da Silva (conhecido como cacique Babau) e Givaldo Ferreira da

Silva, figuras atuantes na luta pela terra, também foram presos em

circunstâncias, no mínimo, duvidosas e aguardam julgamento.

A APIB repudia este ato deliberado de agressão cometido contra os

Tupinambá. E não admite que a criminalização de lideranças continue a

ser usada como arma na luta contra o processo de demarcação de terras

indígenas, seja na Bahia ou em qualquer outro estado.

Durante a reunião da CNPI, Lula afirmou que busca o diálogo com os Povos

Indígenas. A APIB também acredita no entendimento, mas tal diálogo se

torna inviável quando setores do governo tomam atitudes que se mostram

contrárias às determinações de seu próprio presidente sem que nada seja

feito.

Não é possível que o Estado Brasileiro continue impassível diante da

perseguição covarde por parte da Policia Federal à comunidade Tupinambá

da Serra do Padeiro, algo recorrente desde 2008. Tais abusos são alvo de

denúncia das organizações indígenas e entidades indigenistas desde que a

Fundação Nacional do Índio (Funai) iniciou o processo de demarcação de

terras na região.

A APIB reafirma o apoio das organizações indígenas de todo país ao Povo

Tupinambá e exige que o Presidente Lula e o Ministério Público Federal

tomem providências imediatas para garantir a libertação e a integridade

física de Glicéria Tupinambá, de seu bebê e das demais lideranças

indígena presas no estado da Bahia. Reivindica também punição severa

para os culpados pelas injustiças praticadas contra estas pessoas e suas

famílias.

Brasília, 04 de junho de 2010.

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB

http://blogapib. blogspot. com/2010/ 06/manifesto- contra-prisao- de-gliceria. html

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