sexta-feira, 13 de agosto de 2010

- Hugo Chaves e a Colômbia

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, insistiu neste domingo na necessidade de um diálogo construtivo com a Colômbia e exortou seu novo colega colombiano, Juan Manuel Santos, a reconstruir as relações bilaterais rompidas durante o governo do antecessor Alvaro Uribe.


"Eu faço o meu apelo ao presidente Juan Manuel Santos, pelo respeito, pelo diálogo construtivo, pelo pensar e agir de forma soberana, para ser fiel à vontade de nossos povos irmãos pela paz e pelo progresso", escreveu Chávez, em sua coluna semanal na imprensa "As linhas de Chávez".

Chávez já havia feito o convite a um diálogo a Santos na noite deste sábado, poucas horas depois do colombiano tomar posse com discurso de paz e retomada com Caracas.

AP/Efe

Presidente venezuelano, Hugo Chávez (esq), insiste em diálogo com respeito mútuo com colombiano Juan Manuel Santos

Neste domingo, o presidente venezuelano reforçou o convite e afirmou que "se a Venezuela for respeitada, poderemos avançar". "Se a Venezuela continuar a ser desrespeitada, nada de novo e bom seria possível", completou Chávez, em um recado indireto, mas claro, a Uribe.

Os chanceleres da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, María Ángela Holguín, se reúnem neste domingo para discutir a crise diplomática entre os dois países.

Chávez ordenou a Maduro que expresse a Holguín seu desejo de se reunir "cara a cara" com Santos em Caracas ou em Bogotá. "Se ele (Santos) não puder vir nos próximos três ou quatro dias, eu estaria disposto a ir a uma reunião na Colômbia", completou.

APAZIGUADO

O encontro de chanceleres acontece no primeiro dia após a posse de Santos, o passo que não só os dois países, como seus vizinhos, incluindo o Brasil, esperavam para apaziguar os ânimos e avançar na mediação.

Santos discursou pela primeira vez como presidente neste sábado, após sua posse, e discursou como esperado, preenchendo as expectativas de que seu governo buscará uma saída diplomática para a crise com a Venezuela.

Sem citá-lo, convocou Chávez, para um diálogo direto, sem mediações, e "o mais rápido possível". "Antes de soldado, fui diplomata", disse o 59º presidente do país, e o segundo integrante da tradicional família Santos a ocupar o cargo.

O novo presidente afirmou que é um "propósito fundamental" de seu governo reconstruir os elos com Caracas.

O rompimento diplomático das relações foi feito por Chávez no último dia 22 de julho, horas depois da Colômbia do então presidente Alvaro Uribe levar à OEA (Organização dos Estados Americanos) a denuncia de que há ao menos 1.500 guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) em território venezuelano.

"A palavra guerra não está no meu dicionário. Quem fala de guerra nunca teve de mandar seus soldados a uma de verdade", afirmou Santos, se afastando quilômetros do tom duro utilizado por Uribe, de quem, contudo, herdou os votos em sua eleição.

Para uma certa decepção de vários dos líderes regionais presentes, que passaram as últimas semanas oferecendo-se para mediar a crise, Santos foi categórico ao dizer que preferi o diálogo direto. 'E que o diálogo ocorra o antes possível, que seja um diálogo com respeito, e de firmeza contra a criminalidade', complementou, em uma implícita resposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Néstor Kirchner, secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas).

Lula e Kirchner buscam promover, com o aval de Chávez, a retomada dos vínculos com o novo governo da Colômbia. Antes da cerimônia deste sábado, afirmava-se que o brasileiro levaria uma proposta do venezuelano a Santos.

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