Por: Jeorge Cardozo
Após o “descobrimento” do aquecimento global, o meio ambiente tem ocupado crescente espaço em nossas vidas e muitos termos das ciências ambientais passaram a serem utilizados de forma indiscriminada pela mídia, políticos e empresários. Exemplos clássicos são as expressões “energias limpas” e “energias renováveis”. Muitas pessoas as utilizam, mas a maioria confunde os dois conceitos.
O primeiro diz respeito a fontes energéticas que produzem pouco ou nenhum poluente no processo de geração. O segundo só leva em conta a disponibilidade ou taxa de renovação da fonte. Incidentalmente, pessoas acreditam que energias renováveis são limpas e vice-versa. No entanto, podemos pagar um preço alto por essa questão.
Energias renováveis não necessariamente são limpas (apesar de a recíproca geralmente ser verdadeira). Grande exemplo é a energia eólica, vista como uma das salvadoras do planeta, mas que em uma análise detalhada pode se revelar grande vilã do aquecimento.
Essa forma de geração de energia se encontra em franca expansão no mundo. No Ceará até faz parte da política energética do Governo por ser uma fonte “não poluidora”. No entanto, existem dois detalhes desconhecidos ou propositadamente omitidos de sua logística que a tornam uma péssima opção no contexto de mudanças climáticas globais.
Primeiramente, as turbinas que convergem à energia cinética do vento em elétrica precisam de velocidade ideal e constante para funcionar. Na Inglaterra, nas melhores áreas, o vento se mantém em velocidade adequada só em 25% do tempo. Para suprir corrente elétrica contínua nos outros 75%, precisa de fonte suplementar de energia (em regra, combustível fóssil). Assim, a eólica gera cerca de 40% das emissões carbônicas que o carvão geraria para produzir a mesma quantidade de energia.
Outro detalhe diz respeito à eficiência espacial para geração de energia. Para 01 Gigawatt de energia elétrica a partir do gás natural são necessários cerca de cinco hectares; e a partir de energia nuclear, 10 hectares. Para gerar a mesma quantidade de energia, um parque eólico precisa de 250 mil hectares. A não ser que seja instalado em região realmente deserta, provocará o desmatamento de área significativa que potencialmente contribuiria para a captura de carbono atmosférico, comprometendo ainda mais para o aquecimento global.
A energia eólica tem um custo muito elevado – cerca do triplo da nuclear – e gera conflitos territoriais. No Ceará, a instalação de parques eólicos ao longo do litoral tem causado grande insatisfação entre pequenas comunidades de pescadores e marisqueiros, que muitas vezes são impedidos de circular nas redondezas dos espaçosos empreendimentos.
A energia eólica não deixa de ter seu valor para uso em pequena escala, quando suplementada pela energia solar, especialmente no contexto urbano, onde não requer qualquer desmatamento. Porém, o custo-benefício dos grandes parques eólicos em regiões rurais ou naturais é realmente questionável. Então, ficam no “ar” duas perguntas: qual o verdadeiro papel da energia eólica frente ao aquecimento global? Quem realmente está se beneficiando com a instalação e comércio de turbinas eólicas?
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