quarta-feira, 17 de março de 2010

A TENTATIVA DE POLARIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2010 PELA DIREITA.

A TENTATIVA DE POLARIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2010 PELA DIREITA.





Cardozo, Jeorge Luiz*.






A tentativa de polarização das eleições de 2010, entre PSDB e PT e as escolhas de seus candidatos (as), e a expectativa sobre os rumos que a verdadeira esquerda deve seguir são os fatos que centralizam as atenções na conjuntura política do país.

Essa tentativa de polarização das eleições entre PSDB e PT e a cooptação dos movimentos sociais, sindicatos e organizações não governamentais por parte do atual governo são fatores complicadores para a esquerda. Vêm se somar ainda, a desorganização e falta de opção da verdadeira esquerda aglutinadas nos partidos PSOL, PSTU e PCB que, tinha em Heloisa Helena o principal nome para a disputa eleitoral, com certa viabilidade de polarizar as eleições com os candidatos da direita.

Este quadro está intimamente ligado com a crise do socialismo embora tenha havido significativos episódios de resistência em especial, no continente sul americano com as vitórias de Hugo Chaves, Venezuela; Evo Morales, Bolívia; Rafael Correia, Equador e Fernando Lugo no Paraguai. Mas, no geral aqui no Brasil, os partidos e forças de esquerda, destarte, não têm conseguido contrapor (ora por incompreensão da realidade, ora por deficiência de formação de políticas públicas de enfretamento ao modelo capitalista que atraia a grande massa. Ou ainda por influência difusa entre parcelas dos setores populares das teses predominantes entre os detentores do poder. Carece também de projetos alternativos (que apareçam ao povo como consistentes) a essas políticas neoliberais. Políticas que, se têm logrado alguma contenção do processo de concentração de rendas nas mãos de poucos, produzem a acentuação da exclusão social, (que diga a famigerada Bolsa Família) de outro. Se junta a tudo isso, a exploração e precarização do trabalho, o desemprego, o sucateamento dos serviços públicos essenciais como saúde, educação, assistência social, moradia, segurança e política de distribuição de renda sustentável e o desmantelamento das organizações populares que são cooptadas pelo governo. Este modelo (de “confisco” dos mínimos pré-requisitos de cidadania) tem favorecido à sensibilização de significativas parcelas da população a certas práticas religiosas concebidas como “ópio” e, muitas vezes, simultaneamente, a teses e soluções politicamente antidemocráticas.

É, em última instância, no solo histórico “produzido” pela implementação dessas políticas e, portanto, de dramatização da ausência do Estado (isto é, de políticas públicas voltadas para o enfretamento do quadro de miserabilidade de amplas parcelas da população) que se insere a política da Bolsa Família eleitoreira do presidente Lula e de seu PT, precedida e acompanhada de maciça e estridente campanha de mídia. É inegável que, também em decorrência da absoluta carência de um projeto democrático popular de inclusão social por parte da verdadeira esquerda e de uma ação política entre os excluídos voltada para a valorização da sua auto-estima de organização e combate conseqüente à ordem que aí está – tal operação tem contado com significativo apoio popular. Pelo potencial da elite dominante conseguir não apenas criminalizar a “questão social” (é só ver como é tratado pelo Estado e pelas elites os movimentos de sem terra, sem tetos entre outros). Alerta ainda, para o grau de desnorteamento político-ideologico e de “cretinização” que toma conta da esquerda brasileira, e mesmo no nosso partido, face o quase total silêncio com que tem se comportado frente aos avanços conservadores na política nacional.

O quadro descrito acima, apesar da dimensão e complexidade que a sociedade e economia brasileira já alcançaram, pelo tamanho de sua população e de seu território, por ocorrer onde ainda se tem movimentos sociais (apesar de grande parte deles, terem sidos cooptados pelo atual governo do PT). Com exemplo no continente de governos de caráter de esquerda eleitos legitimamente pelo voto direto como Bolívia, Venezuela, Equador e Paraguai e da derrota dos socialistas chilenos depois de vinte anos no poder, para um candidato de direita ligado ao setor empresarial. O PSOL e seus aliados têm grandes exemplos para fazer a disputa e sonhar com a vitória se não em curto prazo, mas, a médio longo já que o governo do PT mesmo gozando de grande popularidade, tem problemas gravíssimos em setores fundamentais como Saúde, Educação, Segurança, Moradia e etc.

Destarte, o atual governo tem articulação direta com o grande capital internacional, daí deriva a grande boa vontade com que é recebido no FMI, União Européia, Davos, ONU etc. Dessa forma o presidente Lula assume como representante de todas as frações das classes dominantes e dos despossuídos, dos segmentos mais dinâmicos do capital, aos mais atrasados, pelos latifundiários, dos políticos “modernos” como Aécio Neves, a oligarcas como o clã dos Sarney. Isso, sem si falar no cooptação de setores organizados como Sindicatos, CUT, Forças Sindical, UNE, parte do Movimento Sem Terra, são alguns exemplos de cooptação feito pelo atual governo do PT e seus aliados.

Em si falando da atual crise cítrica do capitalismo, o governo do PT entreviu emprestando ou doando trilhões de reais a todos os setores produtivos através de empréstimos diretos ou através de redução de impostos como o IPI, para setores como Automotivo, Linha Branca, Móveis e Motos. Destarte, incentivou a população ao consumo nos moldes capitalista neoliberal para tentar a curto médio prazo, reconduzir a economia capitalista nacional aos trilhos. Através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem implementado grandes obras. Embora só 5% delas até o presente momento estão concluídas ou em frase de conclusão, as demais, ainda nem começaram ou simplesmente, não saíram do papel e já se fala em PAC dois.

Na política externa o governo do PT tem tentado se firmar no cenário político-econômico mundial, emprestando dinheiro ao FMI, com presença militar no Haiti e se fazendo presente nos principais organismos internacional como FMI, BIRD, DAVOS, ONU, OMC entre outros.

Para o enfretamento dessa conjuntura complexa e desses enormes desafios políticos, ideológicos, organizacional e eleitoral os trabalhadores e os oprimidos e a Frente de Esquerda Democrática Popular PSOL, PSTU e PCB têm nessas eleições que ter candidatos em todas as esferas de disputas. Com capacidade e em condições (dentro da medida do possível), de eleger representantes para todas as esferas do parlamento burguês, estadual, federal e senado e porque não, nos governos estaduais, sabemos que não vai ser fácil devido às dificuldades e limites que ainda temos.

Em si tratando da disputa nacional, entendo que a candidatura de Heloisa Helena, pelo acumulo, seria a mais viável para se fazer a disputa e buscar polarizar com os (as) candidaturas PSDB e PT já que a mesma vinha pontuando nas pesquisas com percentuais entre 10 e 15 pontos. No entanto, com a inviabilidade da camarada em fazer a disputa, entendemos que o nome de Plínio Arruda Sampaio, é um nome com boa densidade dentro do partido e fora dele como nos movimentos sociais e por já ter sido deputado federal e candidato ao governo de São Paulo pelo PT. Outro nome com grande capacidade e experiência administrativa além de ser jovem e com tempo para fazer outras disputas seria o de Edmilson Rodrigues, mas, não se encontra disponível e assim, como Heloisa Helena, prefere fazer a disputa para regional no Pará

Aqui na Bahia o quadro não se difere muito do quadro nacional onde o atual governador Jaques Wagner e seu PT, sacudido por grande propaganda, tem liderado as pesquisas até o momento apesar da mediocridade do seu governo em setores essenciais como Saúde, Educação, Segurança e Infra-estrutura Urbana. Já o que restou do carlismo, tendo em Paulo Souto e ACM-Neto os seus herdeiros políticos têm tentado sobreviver e fazer a disputa em igualdade apesar das perdas de quadro para PT e PMDB e, principalmente, na divisão do grupo. Destarte, Gedel e seu PMDB tenta resgatar o que sobrou do carlismo na tentativa de ter um palanque forte para enfrentar o PT e o DEM.

Apesar do quadro descrito acima e das dificuldades que a frente de esquerda terá devido a fatores já descritos acima, ainda tem uma luz no fim do túnel que são as grandes dificuldades e incompetência geral do governo do PT no Estado de resolver os problemas essenciais como Saúde, Educação, Segurança e Infra-estrutura. Na minha concepção, são esses pontos que devemos centrar fogo e criar um programa de governo claro e conciso que leve à população a compreender e assimilar e executar as mudanças que pleiteamos para o Estado.


*Jeorge Luiz Cradozo - Professor da Faculdade Dom Luiz, Graduado em Filosofia (UCSAL/2000) e Especilaista em Educação (UNEB/2003).

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