SETORIAL DE EDUCAÇÃO DO PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL-BA.
QUEM SOMOS
O Setorial de Educação do Partido Socialismo e Liberdade é composto por militantes ligados à área de educação atuando no Estado da Bahia, com objetivo principal de propor políticas públicas para a educação, para os profissionais ligados a ela, preparar e formar novos quadros de militantes ligados à educação, debater e propor políticas de inclusão e de respeito aos interesses dos educadores e educando e ajudar na construção de um partido plural, democrático e socialista.
NOSSA MISSÃO
O que nos move é utopia de construir um partido socialista revolucionário capaz de fazer as mudanças estruturarais, econômicas, políticas e ser agente construtor da cidadania nacional com reflexo planetário, combatendo a injustiça, a desigualdade social, cultural, de gênero, a violência institucionalizada contra as maiorias excluídas, de preconceito e de exclusão. Defender a educação para a transformação à luz de uma cultura política inspirada no legado socialista, que privilegie a escuta, a cultura local, o diálogo e promover uma vida eco socialista sustentável e humanizadora.
O QUE QUEREMOS FAZER
Desenvolver programas e projetos que contribua na construção do Partido Socialismo e Liberdade, interagido com os interesses da educação e dos profissionais ligados a ela, na formação de novos quadros, proporem medidas e colaboração ao programa de governo do PSOL, no que tange a educação e a profissionais ligados a mesma.
Nossas ações fundamentam-se nos princípios da horizontalidade e do trabalho coletivo, utilizando-se dos princípios democráticos e coletivos nas ações, dialogicidade, inclusão de novos membros, respeito às diversidades, as diferenças e as semelhanças entre idéias, fundada nos princípios de organização, autodeterminação e também às relações de grupos construídas por meio de partido plural e democrático de respeito às idéias convergentes.
PARA ALCANÇAR NOSSOS OBJETIVOS, PROCURAMOS:
-Apoiar e incentivar a criação de redes de ação solidária e práticas sustentáveis, estabelecendo o diálogo e estratégia de fortalecimento das tendências internas.
-Apoiar e incentivar todas novas formas de organizações social e comunitária no interior do partido.
-Desenvolver ações que busque incluir novos professores ao projeto do PSOL.
-Desenvolver ações nas escolas onde já tem militante, no intuito de mostrar as diferenças entre o projeto do PSOL e dos demais partidos de direita.
-Estabelecer pontos entre o pensamento crítico em educação e as práticas da gestão das políticas públicas existentes.
-Fortalecer a participação da Sociedade Civil no controle das políticas públicas de educação.
-Lutar contra a discriminação e a exclusão de pessoas jovens e adultas analfabetas, garantirem o direito humano fundamental à educação para todos (as) nas mesmas condições e qualidade e formar para a cidadania desde a infância.
-Criar um jornal de circulação nas escolas que divulgue as nossas idéias e do partido.
CARACTERISTISTICAS DA EDUCAÇÃO QUE BUSCAMOS
Tendo em vista que a contribuição anterior enviada por mim faltava algumas nuances no campo da teoria e da discussão de cunho educacional filosófico, segue novos elementos para serem discutidos pelos demais camaradas responsáveis pela construção do Setorial de Educação do PSOL.
Em 2010, estará em disputa na política nacional e não diferente aqui na Bahia, dois paradigmas político com características antagônicas um, o neoliberal defendido por dois grupos políticos que tem se revezado no poder nos últimos dezesseis anos PT, PSDB e seus aliados e o outro projeto o Democrático Popular Socialista, defendido pela esquerda liderada pelo PSOL, onde a educação passa a ser centro também das discussões. O texto a seguir serve de reflexão sobre as características e implicações desse paradigma no campo da Educação e na construção do conhecimento e contribuir para o debate a cerca do plano de governo que a frente de esquerda implementará na disputa que ora se aproxima em 2010.
O debate ora iniciado aqui, tem que focalizar as diferentes óticas de avaliação dos projetos de governos e seus efeitos sobre o campo da Educação possibilitando, ainda, reavaliar o significado pedagógico da crise de um modelo de Ciência fundado nos conceitos de causalidade e determinação totalmente aliado com o paradigma capitalista da lucratividade, e fundado na idéia de verdade científica. O abalo das certezas (antes tão procuradas pelos que pretendiam fazer Ciência), a flexibilização das fronteiras entre as diferentes tradições científicas, bem como a desconfiança das grandes teorias com pretensão à perenidade explicativa são apenas algumas das características de um momento que vem sendo tipificado como aquele da mudança de paradigma.
Já há alguns anos, nossos docentes e discentes vêm se detendo sobre as várias tradições disciplinares, tentando focalizar as tensões e desdobramentos das mudanças na forma de pensar e construir conhecimentos, em cada uma dessas tradições. Isto se pode perceber nas teses e pesquisas que temos produzido, no âmbito da Antropologia, História, Psicologia, Ecologia etc.
Um projeto de educação democrático e popular preconizado em um permanente diálogo com as várias tradições culturais que subsidiam a reflexão crítica sobre as questões que envolvem o cotidiano e a vida das pessoas como raça, gênero, sexualidade, minorias, mulheres meio ambiente, povos indígenas etc., é o eixo que buscamos construir. Busca ainda, situar à Educação na crise que envolve o paradigma capitalista e os seus impactos na vida das pessoas e buscando conduzir os paralelos entre a Modernidade e as transformações no processo de produção do conhecimento científico, rigorosa consciência crítica a cerca da ciência, para localizar algumas das transformações paradigmáticas que, além de extrapolarem e inibir o âmbito da mudança em curso significa também importantes variações na concepção mesma das relações sujeito/objeto, no processo de produção do conhecimento científico.
A Educação ora preconizada aqui, busca também focalizar a crise vivida pelo capital, a superação desse paradigma passa a ser questão nuclear, pois permite questionar à alienação e sua autonomia a respeito do que pode ser denominado o contexto global de sua produção, isto é, a problemática social econômica, política e cultural das sociedades nas quais estas produções se realizam. Essa problematização do conceito de alienação exige o confronto com a questão ética, normalmente tão secundarizada nos fóruns de debates científicos.
Durante muito tempo a Física moderna, disciplina hegemônica na constituição da Ciência moderna, o mundo natural era apreendido como uma ordem, e suas transformações derivavam das leis naturais que regiam essa mesma ordem. Nesta perspectiva, o futuro estava contido no presente. Esta racionalidade fechada possibilitou o surgimento de um outro parâmetro de racionalidade, onde conhecimentos parciais de um universo em aberto abrem espaço para uma outra visão de verdade e ética científica. No âmbito das Ciências Sociais, ficam evidenciados os limites dos dois principais paradigmas nesta área: o Liberal e o Marxista. Esta análise não deixa de fora as muitas pertinências analisadas na economia e da sociedade capitalista, desenvolvidas dentro do paradigma marxista e da pretensão de construção de um sistema teórico de validade universal.
A crise do paradigma capitalista não deriva da inadequação dos paradigmas a uma realidade, mas de sua incompatibilidade com as nossas escolhas éticas de inclusão do todo em projeto político educacional popular socialista. A questão não é simplesmente, de renúncia a esse modelo, como parece crer certos educadores ao refletir sobre as exigências da condição pós-moderna, mas entender que a educação a ser construída passa necessariamente pela derrubada de toda a estrutura ideológica montada em torno deste paradigma.
O grande vazio provocado pela ausência de um projeto nacional de educação voltado para a desconstrução do paradigma vigente que confronte o pensamento humano não só com o problema da verdade, mas com o próprio processo de substituição das verdades que anteriormente fora construída. Essa nova situação poderá reativar alguns medos básicos do homem como o de retornar ao estado de indiscriminação do início da vida, o medo do novo e o medo da perda do já estabelecido, que lhe garantia a segurança do saber. O sentimento de angústia, ativado por esses medos, o estimularia a tentar superar a crise de duas maneiras – pela fundamentação epistemológica ou pelo recurso à autoridade de um suposto dono do saber – ambas insuficientes para a superação da atual crise.
Para tal desconstrução é preciso um reexame da díade professor/aluno, em que a própria crise capitalista seria um estimulo à superação da cisão entre os que sabem e os que não sabem que tantas dificuldades já criaram ao processo de ensino/aprendizagem. Diante do cenário descrito sobre a educação nos moldes capitalista, é preciso questiona-se a situação de certezas anterior à crise do paradigma capitalista: seria ela melhor do que a maré de incertezas em que o mundo contemporâneo se vê mergulhado? Desconstruir ou continuar? É a pergunta com que convida a Educação Democrática Popular Socialista a uma instigante reflexão sobre os desdobramentos da crise no campo da Educação, que é considerado reflexo da crise do paradigma capitalista. Devemos pender claramente para a aposta no caráter libertador deste momento, em que as amarras ideológicas burguesa estão sendo questionada com o desenrolar da crise criada por eles mesmos, podemos imprimir um novo conceito de Educação que busque a permanente necessidade de descobrir e redescobrir os significados do mundo que nos cerca.
Focalizando diretamente a Educação neste cenário de início de século, é preciso desvelar a face alienante da Educação capitalista e desenvolver um projeto singular de Educação focado na inexorável ética do ser humano de construir alternativas para uma sobrevivência necessariamente fraterna. È preciso ainda, ressaltar a pluralidade cultural da população brasileira e indicar significado político na democracia popular participativa e reafirmar os desafios da Educação Popular Democrática de construir através de processos educativos, e neles mesmos, formas solidárias, igualitárias e plurais de convivência entre os homens para tirar a Educação do isolamento a que uma ótica estreita e corporativa tem levado-a.
Precisamos ainda tirar o ensino da História, da Filosofia, da Sociologia, da Geografia em fim, do campo factual e descritivo para um fundamentalmente interpretativo e crítico sublinhado na necessidade de uma perspectiva menos afirmativa do uso da teoria e do próprio corpo documental. É preciso ainda, aproximar educadores e antropólogos para, sem perder a identidade de educador, utilizar do artefato antropológico na compreensão de sua prática educativa. Destarte, é preciso reafirmar a importância do relativismo e apontar a sua própria relativização entre o singular e o universal, que deve presidir o trabalho, quer do antropólogo, quer do educador.
Esse conjunto de contribuição teórica busca permitir aos demais camaradas responsáveis pela construção do Setorial de Educação do PSOL, possam desenvolver melhor os desafios de elaboração de uma política educacional Democrática Popular Socialista que enfrente as implicações das transformações no campo da Educação. Ressaltamos aqui o caráter preliminar desta discussão, que tem como objetivo apenas levantar alguns caminhos que possam motivar, entre os camaradas, o aprofundamento das reflexões no âmbito do Setorial de Educação do PSOL.
Jeorge Luiz Cardozo - Professor da Faculdade Dom Luiz, Graduado em Filosofia (UCSAL/2000) e Especilaista em Educação (UNEB/2003).
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