por Jolivaldo Freitas | ||
Semana destas fui ao Teatro Castro Alves assistir a uma peça chamada “Dingol Bell”, acho que era assim mesmo, título abrasileirado, com atores egressos do Zorra Total, da TV Globo. É engraçada e uma das partes mais “tragicômicas” para deleite do público é quando um guia se perde e não consegue levar em direção à Estrela Guia e muito menos animar os três Reis Magos durante a caminhada pelo deserto. Ele então implora para que os reis entrem no clima, senão ele perde o emprego. E diz depender deste. Um dos reis pergunta por que e ele responde que não consegue nada na vida, nem passar em concurso público. Estava sempre nos últimos lugares. O rei volta a perguntar por que e ele desabafa choroso dizendo que tinha se formado em Administração na FTC, de Salvador. É uma gargalhada de abalar as estruturas do velho teatro. Os caras botam para lascar em cima da faculdade, arrasando a imagem da escola, que segundo me disseram só é menos pior que a imagem do Lupi, do Negromon te do Orlando Silva (aliás, os dois últimos baianos). Os caras também tiram o maior sarro de Geddel, mas aí é outra história. Pois não é que os atores estavam adivinhando que as faculdades baianas estavam para entrar no limbo. Dezenas delas não passaram pelo crivo do MEC. Até então tudo bem, achei mesmo que se as faculdades não tinham estrutura nem interesse que fechassem as portas. Lembrei de um aluno de uma destas faculdades que perguntado por um professor sobre quem batizou a Baía de Todos os Santos ele respondeu que foi Deus. Américo Vespúcio chegou a remexer o esqueleto na tumba, revoltado com tanta ingratidão e esquecimento. Mas depois, avaliando a situação junto com quem entende, deu para perceber que a avaliação do MEC para com as universidades é pior que a avaliação dos alunos pelo ENEM. Nem chega aos pés dos padrões dos países mais desenvolvidos. Tem mais furo que o shape de Kadhafi. É mais abestalhada que a defesa do Bahia e o ataque do Vitória. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) foi criado em abril de 2004 e os cursos superiores são regulados por Atos Autorizativos: Portarias do MEC são expedidas para Autorização, Reconhecimento, e Renovação de Reconhecimento de cursos, mediante visitas de avaliação in loco do INEP/MEC. É assim mesmo. Uma sopa de letrinhas de gosto duvidoso. As visitas avaliam três dimensões: organização didático-pedagógica, Corpo Docente, e Infra-estrutura, emitindo notas numa escala de 1 a 5 que passa a ser o Conceito do Curso (CC). A aprovação ocorre mediante nota de 3 a 5. A nota do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) é emitida também numa escala de 1 a 5, com aprovação mediante notas de 3 a 5. É calculada através de uma avaliação realizada pelos alunos ingressantes e concluintes, obedecendo a um ciclo de três anos. Aí é que está: no último os ingressantes foram dispensados da realização da prova. A avaliação deles gera um Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observados e Esperados (IDD), ou seja, uma curva de desempenho para mostrar o quanto o aluno aprendeu na Universidade/Faculdade. Mas a mostra de um não é a mesma do outro. É um cadinho que parece sacola com xepa com resto de feira. O IDD é calculado através de amostras desiguais: os alunos que fazem o exame como ingressantes não são os mesmos que irão fazer a prova como concluintes para o cálculo. A nota do Enade individual de cada aluno só é de conhecimento dele e não vai para o seu histórico. O que o aluno faz? Não se compromete com o seu resultado... o que vai gerar o resultado ruim da Instituição e esta que se lenhe. Claro que na equação entram estrutura física, grau de formação dos professores, etc. Mas, lamentavelmente o Conceito de Curso, atribuído na avaliação do MEC de Reconhecimento e de Renovação de Reconhecimento não compõem como o Enade o cálculo do CPC (Conceito Preliminar de Curso) - favor não confundir com o PCC dos morros cariocas e muito menos com o CV – Comando Vermelho. Isso significa que se o curso foi mal no Enade as notas de reconhecimento e/ou renovação de reconhecimento em nada contribuem na alteração para mais ou para menos do conceitual do perfil lógico da instituição de ensino. O negócio é mais complicado que decorar tabela dos elementos, lembra seu burro? O detalhadamente, o cálculo é composto da seguinte forma: 60 % da nota Enade (30% do IDD + 15% da nota dos ingressantes + 15 % da nota dos concluintes; 20% - proporção de professores com doutorado (Censo); 5% - proporção de professores com mestrado (Censo); 5% - regime de trabalho dos professores quanto a dedicação parcial ou integral (Censo); 5% - infra-estrutura, de acordo com a opinião dos alunos e 5% - organização didático-pedagógica, segundo a opinião dos alunos. Com tudo isso o MEC que cobra a lição, mas esquece de fazer o dever de casa, termina por causar injustiças, como é o caso da Faculdade Pedro II, uma das instituições que mais investiu em estrutura e professores com doutorado. Isso deixou os alunos chateados e que me pediram para tratar do assunto, mesmo sabendo que sou meio que analfabeto de pai mãe e cachorro. Aliás, o cachorro lá de casa sabe se comunicar e tem um vocabulário melhor que o meu. E é mais inteligente que o pessoal do MEC. Aí também é covardia. |
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
- As faculdades baianas no pau
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