quarta-feira, 28 de abril de 2010

- Todas essas denúncias, acusações e suspeitas, são parte da campanha internacional que encabeça Washington, seguida por Bogotá e com uma ativa filial midiática e partidária em Madri, que se iniciou nas últimas semanas, com o objetivo de isolar a Venezuela.

POLÍTICA INTERNACIONAL.

Por: Díaz Rangel


Já faz um tempo, seguramente desde que a Venezuela comprou fuzis Kalanishov da Rússia, que se fala de armamentismo na região e em particular em nosso país. Quem são os que falam? As vozes vêm quase todas dos Estados Unidos, se repetem em Bogotá e aqui, na oposição e em alguns meios de comunicação. O que se pretende é mostrar a Venezuela como um país beligerante, que está se armando até os dentes, que investe em armamento quando deveria fazer gastos sociais. Esta imagem é mundialmente difundida pela imprensa noticiosa internacional e multiplicada pela maioria dos meios de comunicação.

Qual é a verdade? O International Peace Research Institute (SIPRI), de Estocolmo, a mais confiável organização do seu gênero, comparou os investimentos em gastos militares por país entre 1968 e 2008, com suas respectivas cotas percentuais em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A tabela regional de investimentos (em milhões de dólares) e de PIB é a seguinte:

USD PIB/2008 PIB/1968

Argentina 2.070 0.8 2,2

Brasil 15.474 1,5 2,6

Colômbia 6.568 4,0 2,1

Chile 4,778 3,4 2.1

México 3.938 0,4 0.6

Perú 1.301 1,2 1,7

Venezuela 1.987 1,3 2,1

Pode-se observar que somente dois países (Colômbia e Chile) incrementaram o orçamento militar em relação ao PIB, enquanto, por exemplo, a Venezuela, acusada de encabeçar uma corrida armamentista, o diminuiu sensivelmente (de 2,1 para 1,3). Também o fizeram Argentina, Brasil, México e Peru. Entretanto, ao se comparar os percentuais do PIB dedicados a Educação e Saúde, a Venezuela tem os percentuais mais altos de toda a região, comparados pela UNESCO. E igualmente, é o país onde houve maior diminuição da pobreza e existe a menor desigualdade social, como eu demonstrei domingo passado.

De igual maneira se pode ver como o orçamento de guerra da Colômbia triplicou em relação ao da Venezuela, e que este outro modelo de democracia que é o Chile, quase quadruplicou ao do seu vizinho Peru; duplica em relação ao outro vizinho, Argentina, e é muito superior ao dos demais países juntos (USD 3.371 milhões), em que pese a que estes tem de longe maior população e território. Porém, para Washington, isso não importa.

Nem Colômbia, nem Chile aparecem em algum lugar assinalados como países com armamentos e gastos militares acima de suas reais necessidades. Chile subiu de 2003 a 2008 ao primeiro lugar na América Latina entre os compradores de armas, e ao 11º no mundo! Quem o ameaça?

O caso da Venezuela tem características especiais: é objeto de um bloco para o qual os Estados Unidos não só não vende nem um tipo de arma, mas que, violando contratos assinados, não lhe fornece peças de reposição e equipamentos para manutenção dos aviões F16 (de produção norte-americana). Ademais impede que Brasil e Espanha possam vender unidades aéreas e navais para modernizar ou renovar as suas forças armadas. Isto não só ocultam as agências de informação, senão que nunca chamou a atenção da oposição venezuelana, que coincidem com Bogotá e Washington em seus ataques à compra de armas da Rússia e às suspeitas de que as mesma podem ir para outro país!

Na noite de quinta-feira, o presidente Chávez, em resposta a alguns desses comentários de Washington, disse que os EUA não têm autoridade para fazer tais acusações. Tem toda razão o Presidente. Vejamos estas cifras.

Dos 51.100 milhões de dólares arrecadados com a venda de armas em 2007, EUA vendeu 12.800 milhões e, como lembrou o primeiro ministro Vladimir Putin, o orçamento militar dos EUA vigente para este ano (820 milhões) é superior ao de todos os demais países juntos. O mais grave é o uso que eles dão as essas armas em países como Iraque e Afeganistão.

Não resta nenhuma duvida. Todas essas denúncias, acusações e suspeitas, são parte da campanha internacional que encabeça Washington, seguida por Bogotá e com uma ativa filial midiática e partidária em Madri, que se iniciou nas últimas semanas, com o objetivo de isolar a Venezuela, criar condições para declarar um estado malfeitor ou terrorista e aplicar-lhe a carta democrática da OEA.

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