Por: Professor Cardozo*.
Nos últimos anos, desde a ascensão do PT ao poder, muita coisa mudou no campo da política com a cooptação dos segmentos organizados da sociedade. Um movimento intelectual mais radical bem como novos partidos radicais deveria surgir. Como resultado, os socialistas radicais tornaram-se ou deveriam torna-se mais conscientes dos elementos de conflitos e mudança na vida política. Com queda do partido dos trabalhadores para o modelo social liberal, os socialistas se voltaram para a necessidade de construção de um partido de vanguarda socialista e de transformação de fato, dos problemas sociais, políticos e econômicos até hoje vigente em nosso país. Deveria, entretanto, agora, sem dúvida, em decorrência da traição do PT, haver um renascimento da tradição clássica do socialismo preconizado por Marx e Lênin, levar a cabo um projeto alternativo a tudo isso que se apresenta como imutável na política nacional.
Ao mesmo tempo, o campo da política tornou-se mais estreitamente definido e mais profissional tanto na esquerda como na direita em nosso país. Neste sentido, atribui à política como profissional ao descrevê-la como “banda Burocratizada”, apoiada pelo establishment, baseada nos interesses escusos e de manutenção do status quo de indivíduos ou de pequenos grupos, tenha se tornado com freqüência o novo velho paradigma. Diga-se de passagem, tanto na esquerda como na direita. Quero dizer que na política atual, tanto esquerda tanto direita, vive seu paradoxo, despeito das contradições que continuam ocorrendo dentro e fora, um campo distinto e reconhecido de estupidez, com seus próprios modelos, abordagens e métodos.
Foi, em parte, o desejo de descrever o lamentável incidente ocorrido na Conferência Estadual do PSOL, nos últimos dias 27 e 28 de março de 2010, que mim levou a fazer as reflexões ora apresentada aqui. Conferência esta que deveria ser um momento altamente democrático de construção de um partido que veio no ápice da crise ética e moral do PT, como contra ponto a tudo aquilo que o PT pregou antes de chegar ao poder e as sua incoerência após ele. Mas, no entanto, o que presenciamos lá foi um stalinismo porco e vergonhoso por parte daqueles que deveria está ali para fazer diferente do que foi feito pelo PT e, até mesmo, pelo PCdoB ao longo de seu processo de construção e consolidação da sua política social liberal e de manutenção de status quo. A forma amiúde como os “camaradas” do MÊS. ENLACE e MLT conduziram o processo de conferência excluindo o outro grupo da APS por interesses mesquinhos de proveito político de poucos para não dizer individuais, em detrimento de um conceito maior que é a construção do partido, leva-me a crer, que o PSOL está a caminho de ser mais um PT da vida, buscando o poder a qualquer custo em detrimento de um interesse coletivo maior que é a construção de um projeto revolucionário socialista para o país.
Se assim o for, veremos sempre a política com prisma deformado e construiremos um país onde a luta mesquinha e individualista terá prioridade. Um país mais luta do que luar para todos.
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*Jeorge Luiz Cardozo – Professor da Faculdade Dom Luiz e militante do PSOL-Ba.
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