Por Jeorge Cardozo
O sistema capitalista consiste na
produção e na venda de mercadorias. Por efeito, para que ele, o capital possa
continuar a prosperar, os agentes empresariais e políticos, tornam-se mister em
expandir a circulação de moeda e o aumento de crédito, como forma de aumentar o
consumo. No entanto, se essas iniciativas virem com aumento real da renda dos
entes consumidores, com ampliação do crédito, no primeiro momento, a roda da
economia continua a andar e cria a falsa impressão de que todos estão bem, ou
seja, consumidor consumido, o setor produtivo produzindo, o comércio vendendo e
o governo arrecadando. Mas, como o capitalismo vive de opulência em determinado
momento e de inflexão em outros, chega uma hora que a roda da economia encontra
obstáculo. Veja o caso do Brasil atual, por ainda ser uma economia dependente,
como é o caso da maioria das economias emergentes, teve um momento de grande
avanço na produção e no consumo, incentivado por políticas sociais, e, agora,
passa por turbulência com o aumento da inflação e queda do rendimento e do consumo,
incentivado por medidas econômicas de caráter conservador, ou seja, manutenção da
taxa de juros Selic em 14,25% e diminuição dos investimentos públicos em todos
os setores inclusive na área social. Outro fator gerador de inflação é a
expansão indevida ou aumento da moeda de um país, principalmente através da
emissão de papel-moeda não redimível em moeda sonante.
A desvalorização da moeda
nacional em relação à outra moeda, no nosso caso, o real em relação ao dólar,
moeda mundial, altera a relação de preços entre o mercado interno e externo,
todos os preços dos produtos fabricados e vendidos no Brasil caem em relação
aos preços dos produtos importados pelo Brasil. Como consequência, os nossos
parceiros comerciais lá fora, vão querer comprar produtos brasileiros
aumentando as nossas exportações e diminuindo as importações. Diminuindo
importação e aumentando exportação, o país passa a acumular mais dividendo que
é aplicado na aquisição de novas tecnologias e aumento da produção, trazendo
renda para o tesouro nacional e melhoria na balança comercial.
A redução do salário é a consequência
indireta do aumento das exportações, pois, a oferta não é tão flexível como à
demanda para que a economia encontre equilíbrio após a desvalorização da moeda,
os preços sobem. Portanto, inflação significa perda do poder aquisitivo do
trabalhador, aumentando os preços, o trabalhador passa a consumir menos.
Essa é uma equação aparentemente fácil
de ser respondida, pois, com taxa de juros altos, como a nossa Selic de 14,25%
reduz os créditos na medida em que financiar um objeto torna-se muito caro para
o consumidor. Destarte, o consumidor ao invés de sair comprando por aí, a
prestação, ele passa a economizar, ou seja, poupar para poder comprar à vista.
Como consequência, a economia fica lenta favorecendo a resseção na economia.
As empresas, na sua maioria,
trabalham com capital de giro de acionistas ou de bancos e esses investidores cobram
taxas de mercado pela utilização dos valores aplicados. Mesmo se o capital for
próprio, se não cobrir custos equivalentes às taxas de mercado, o investidor
vai preferir aplicar em outras opções cujas remunerações sejam mais vantajosas.