Por Jeorge Cardozo
Uma das questões mais emblemática desse novo milênio é a
busca do desenvolvimento sustentável, pois, trata-se de uma questão muito
presente nas sociedades capitalistas contemporâneas. O tema tem sido usado até
na publicidade de produtos dos mais diversos setores econômicos, desde indústrias
de moda até instituições financeiras. Entretanto, a sustentabilidade é mais do
que a aquisição de alguns hábitos paliativos. Para o desenvolvimento tecnológico,
econômico e científico estar em harmonia com o ambiente é necessária uma
profunda mudança de mentalidade e de hábitos. Veja, nestes tópicos abaixo, as
mudanças que se impõem na busca pela sustentabilidade e os principais
obstáculos para alcançá-la.
NOVA MENTALIDADE POLÍTICA
A participação política é a principal propulsora de mudanças
sociais. A busca de uma sociedade sustentável pode, assim, ser favorecida pela
descentralização das instâncias administrativas, que possibilita a proximidade
entre o poder público e o cidadão.
NOVA MENTALIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO E PRODUÇÃO
A busca da sustentabilidade não altera necessariamente o
ritmo das mudanças tecnológicas. A ideia é fazer a tecnologia funcionar como
uma ferramenta do desenvolvimento humano em seus termos mais amplos, em vez de
apenas alimentar a produção industrial e o mercado de consumo. Se, por custos
muito parecidos, uma lâmpada poderia durar mais de 100 mil horas, por exemplo,
por que o máximo atingido por ela são 10 mil horas de vida útil? Nos parece
fácil responder tal questionamento, não é verdade?
NOVA MENTALIDADE NAS RELAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE
As mudanças nas relações políticas e nas relações produtivas
podem incentivar o uso inteligente e sustentável dos recursos e o consequente equilíbrio
das relações com o ambiente natural. No lugar da extração predatória de
recursos para abastecer o mercado em constante expansão, poderá prevalecer o
desenvolvimento de tecnologias limpas, baratas e focadas na reciclagem dos
descartes.
NOVA MENTALIDADE NO USO DOS VEICULOS
O excesso de veículos em circulação pelas ruas de uma grande
e média cidade é responsável pelo agravamento da poluição atmosférica e da
poluição sonora, por congestionamentos, aumento da temperatura das regiões mais
movimentadas e estresse. Aumentar o uso de trens nos transportes de passageiros
e de cargas, além de ser mais eficaz nas quantidades, diminui os custos em
todos os sentidos. Mais por que não se investe mais nos trens? Pergunte a
Confederação Nacional dos Transportes.
NOVA MENTALIDADE NOS HÁBITOS DE CONSUMO
Um dos principais entraves das sociedades capitalistas na
busca pela sustentabilidade são os padrões de produção e de consumo. A
indústria cria necessidades de consumo cada vez maiores, usando o apelo da inovação.
Para o cidadão comum, qual a real vantagem em trocar o modelo de um celular
quase novo por outro, apenas porque a resolução de imagens em sua tela pode ser
melhor que a do modelo anterior? Podemos responder: consumo alienado. O
individuo de posse de um celular de última geração, se acha incluído na
sociedade de consumo.
NOVA MENTALIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
Imagine um cidadão que mora a 10 km do local de trabalho.
Suas necessidades de locomoção são as mesmas de uma pessoa que habita a apenas
2 km de seu trabalho? Nas grandes cidades brasileiras, a falta de planejamento
é responsável por grande parte das dificuldades da população. Um cidadão que
mora longe do trabalho e não tem metrô à disposição, se puder, vai optar pela
compra de um automóvel, em vez de usar formas alternativas de transporte.
NOVA MENTALIDADE NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Os hábitos de consumo influenciam diretamente os padrões de produção
e as relações de trabalho. Em alguns países onde a jornada de trabalho foi
reduzida de oito para seis horas, por exemplo, muitos trabalhadores optaram por
fazer duas jornadas diárias para alavancar seu padrão de vida, quando se esperava
que as pessoas trabalhassem menos e tivessem mais tempo para sua vida pessoal,
abrindo espaço para novas contratações.