sexta-feira, 29 de julho de 2011

- O Estado, o Poder e o Socialismo: Nicos Poulantzas e o tempo fora do eixo.


O Estado, o Poder e o Socialismo: Nicos Poulantzas e o tempo fora do eixo.

Por:Jeorge Luiz Cardozo*

No O 18 Brumário de Luís Bonaparte Marx lembra; de modo bastante direto, o empenho de Hegel em predizer um caráter insistente da história, o que significa dizer que por alguma razão, pode-se afirmar que a história se repete. Não se trata de pressuposição nova na história da filosofia, cada filósofo a sua maneira, Platão já havia dito algo parecido e Aristóteles não parecia discordar muito da idéia, desde que em suas bases. Contudo, o humor para afirmar essa possibilidade cíclica da história é uma inovação da Marx. O fato é que para ele a história se repete. Não como um velho senhor que sempre conta o mesmíssimo “causo” para seu jovem neto, mas a maneira de um velho senhor que, ao contar os mesmos “causos” para seu jovem neto, cria alterações fundamentais em suas narrativas, para testar a memória do neto e sua perspicácia.

A história brinca com os homens, contudo não há ninguém para brincar, nem do lado da história, que não é animada por nenhum princípio ordenador, nem do lado dos homens, pois não acham graça nas estripulias da história. Mas a velha ironia de Marx permite que dê a Hegel, ao comentar sua filosofia da história, um pequeno complemento. Afirma que a história realmente possui um caráter repetitivo. Mas na primeira vez se repete como tragédia e a na segunda se repete como farsa. Em um primeiro momento chega muito cedo e no segundo já muito tarde. A revolução chega quando os homens não estão preparados ou quando não mais precisam dela. Depois Marx comenta que os homens fazem à história, mas não a fazem como querem, Adam Ferguson diz bastante melhor, a história é fruto da ação dos homens, mas não de seu desígnio. Para unir todos os componentes destes primeiros parágrafos em uma única expressão: digamos que os homens fazem a história, pois não poderiam deixar de fazê-la, mas não sabem para onde vão, nem possuem como sabê-lo, mas não podem deixar de ir, neste ato atrapalhado podem chegar de dois modos, ou muito cedo, ou muito tarde; e o desencontro ontológico de nossa ação no mundo, deverá ser repetido, indefinidas vezes, tal como o banqueteamento dos abutres com as tripas de Prometeu.

Derrida nunca foi um grande leitor de Marx, mas possui um livro com o nome Espectros de Marx. Aproveitando suas afinidades para com Shakespeare, deixa de lado a leitura de Marx para ler Shakespeare de uma vez, ou melhor, lê Marx pelos olhos de uma leitura de Shakespeare, mais ou menos como a recomendação de Harold Bloom de que o melhor Freud é a aquele lido pelos olhos do leitor de Shakespeare. Sua leitura de Shakespeare faz com que encontre uma frase que descreve o espírito sempre intempestivo de Marx. The time is out of joint. Ou ainda é muito cedo ou já é muito tarde. O tempo está sempre fora de seu eixo. O tempo é fora do eixo.

Em O Estado, o poder e o socialismo Nicos Poulantzas inaugura seu argumento invocando uma relação de fato que o incita a sua atividade teórica, qual seja, “à situação política da Europa”. Com efeito, por essa expressão devemos entender que a atividade teórica de Poulantzas responde às demasiadas críticas de que o marxismo não seria capaz de lidar com o fracasso político do leste do velho continente. Assim, reponde-se à acusação de que o marxismo não é um modelo teórico aceitável, através de um novo modelo teórico marxista. A motivação de Poulantzas é a história recente que tem diante de si, história essa que acusa o marxismo de insuficiência teórica, resposta: o marxismo sim é um modelo teórico aceitável, desde que percebamos que a teoria possui desvios não acompanháveis pela prática. Ao desvincular a relação entre teoria e prática, motivada por uma razão histórica, funda uma nova maneira de ver antigos fenômenos, por uma nova feição teórica do marxismo.

Impossível não pesarmos que “o tempo está fora dos eixos”, pois as narrativas teóricas do marxismo sempre necessitaram de um mundo cujas relações econômicas permitam certo conflitos de classes, não que haja relações econômicas sem conflito, mas nem toda conflitiva permite a reação, mas por algum motivo certa linha narrativa do mundo da vida passou a identificar o discurso marxista como a imagem teórica de uma determinada decadência.

O tempo está fora dos eixos – pois o discurso poderia ser recolocado sobre novas bases – mas por algum motivo a recuperação desta linha discursiva cansa aos ouvidos, pois se sente que o tempo passou. Poulantzas é genial – contudo é intempestivo – fora do tempo como apenas os grandes pensadores conseguem ser – suas filiações o lançam para fora do tempo, talvez uma nova teoria, talvez novos conceitos, mas Poulantzas opta pelos antigos, não qualquer antigo, mas o mesmo antigo, entretanto, radicalmente novo. Intempestivo porque insiste em tratar dos velhos grandes temas da política, sob a veste do argumento de que não há sobre o que falar, senão dos grandes temas da política. O Estado é um deles, relações de exploração, outro, ideologia, mais um, e sim, o velho glossário do pensamento marxista volta às nossas cordas vocais, contudo ainda que possamos indicar indiscutíveis homofonias, trata-se aqui de um novo conceito. Novos papéis para velhos temas da política. Vejamos um trecho que bem indica a idéia que enunciamos, depois comentemos:

 “... o Estado apresenta uma ossatura material própria que não pode de maneira alguma ser reduzida à simples dominação política. O aparelho de Estado, essa coisa de especial e por conseqüência temível, não se esgota no poder do Estado. Mas a dominação política está ela própria inscrita na materialidade institucional do Estado. Se o Estado não é integralmente produzido pelas classes dominantes, não o é também por elas monopolizado: o poder do Estado (o da burguesia no caso do Estado capitalista) está inscrito nesta materialidade. Nem todas as ações do Estado se reduzem à dominação política, mas nem por isso são constitutivamente menos marcadas”.

O que nos leva a crer que o Estado, o poder e a relação de dominação exercida pela classe dominante através do Estado continuam sob uma mesma estrutura conceitual, contudo o teórico deve atentar que o Estado possui formação heterogênea, de modo que para além da dominação, existe o exercício da dominação e a recepção da dominação pelos dominados – tal dialética é importante, inclusive, para a delimitação dos elementos constitutivos do Estado. A dominação política não é a única dominação exercida pelo Estado, talvez pudéssemos dizer que ser dominado pela política não é a única forma de exercício de poder ou de limitação de liberdade através do Estado, de modo que dominar pela política, igualmente, constitui um modo de ser dominado pela política. Não é possível abandonar o processo de dominação impunemente. Poulantzas indica percebê-lo, mas não sem uma boa dose de moralidade ao estilo marxista. Com efeito, devemos perceber que utilizamos o vocábulo moralidade e não o preconceituoso moralismo. Em certa acepção nossa afirmativa é bastante redundante, mas o faz de maneira necessária, pois entendemos que não existe atitude teórica que não envolva uma percepção moral. Não importando a natureza filosófica do argumento, se falamos sobre relações intersubjetivas, falamos, também, de moralidade. Ainda que não haja uma teoria moral marxista, devemos apontar que existem elementos que nos levam a perceber uma estrutura discursiva própria ao modo de elaborar teorias do marxismo, como por exemplo, a descrição da exploração como sendo negativa (não que discordemos desse fato). Contudo o marxismo permite um paradoxo interessante: é possível utilizar as categorias filosóficas do marxismo, possuindo como pano de fundo, outra teoria moral que não o marxismo, isso é possível porque o marxismo realiza exaustiva descrição do capitalismo, mas podemos ler o capitalismo sem tê-lo como essencialmente pernicioso para a natureza humana. Poulantzas assim não faz: seu comprometimento com o marxismo envolve adesão aos princípios morais do marxismo. Mais uma vez insiste na boa intempestividade.

A intempestividade adotada por Poulantzas talvez não seja a melhor, mas é ortodoxamente marxista, gostaríamos de indicar que a apropriação do marxismo, enquanto teoria econômica que compreende uma parcela do capitalismo, em outras bases morais, talvez evidenciasse um interessante (re) nascimento de antigos instrumentos conceituais. Assim, queremos salientar que ainda resta em Poulantzas apropriação excessivamente moral (no sentido da moral marxista) para avaliar os termos econômicos do capitalismo.

Poulantzas percebe que muitos indicam que o marxismo possui excelentes categorias de análise do capitalismo, mas que não possui uma acertada teoria geral do Estado. Contudo, não podemos deixar de afirmar que a teoria econômica marxista, apesar de irrefutável em muitos pontos, possui conteúdo cruelmente histórico, de modo que, se atentarmos bem, inclusive os axiomas mais assertivos são relativizados em função das novas instituições políticas. Inclusive os elementos mais reconhecidos do marxismo deverão sofrer se desejarem a permanência enquanto conceito, modificações estruturais. No que diz respeito a uma teoria geral do Estado é absolutamente conhecido que o marxismo não dispõe de uma, Poulantzas observa que o marxismo não possui uma teoria geral do Estado porque não pode possuir uma teoria geral das formações do Estado. Seria uma contradição para Poulantzas à existência de uma teoria geral do Estado em um procedimento teórico que se pretende revelador das relações materiais envolvidas nos processos de produção e os modos de influência desses na luta de classes. Vejamos como defende sua posição:

 “... não existe teoria geral do Estado, pois não poderia haver. Nesse ponto, é preciso ser rígido com as críticas, de boa ou de má fé, que recriminam as pretensas carências do marxismo ao nível de uma teoria geral do político e do poder. Um dos méritos do marxismo é justamente o de ter afastado, neste caso como em outros, os grandes devaneios metafísicos da filosofia política, as vagas e nebulosas teorizações gerais e abstratas que pretendem revelar os grandes segredos da História, do Político, do Estado e do Poder".

O argumento resta bastante claro, contudo ao nos confrontarmos com algumas teses apresentadas pelo autor somos constrangidos com algumas aparentes contradições. Parece evidente que uma teoria que se pretende opositora dos arroubos metafísicos da tradição possuirá desconforto com a enunciação da possibilidade de uma teoria geral, mas quando enunciamos que a separação entre teoria e prática é um ponto forte de nossa capacidade formuladora, parece que cometemos o mesmo engano que objetivávamos evitar. Não se trata de nenhum paradoxo performativo, mas de uma contradição, dessa vez podemos dizer que não tão somente aparente, porque, independentemente do que motive a assertiva, a separação entre teoria e prática é o que possibilita a estrutura lógica dos argumentos hipotéticos. Para Poulantzas, parte da conveniência do marxismo advém do fato de que esse não é hipotético, mas profundamente responsivo aos problemas da “história das lutas de classe dentro do capitalismo”.

Não cabe aqui discutir o grau de responsabilidade do marxismo frente aos desastres do stalinismo e dos regimes do leste europeu, primeiro porque não é clara a possibilidade de se aplicar um conceito como o de responsabilidade a fenômenos que não sejam perfeitamente previsíveis, como a ação de homens em determinadas condições, segundo porque ainda que pudéssemos aplicar a noção de responsabilidade em situações não tão previsíveis, não estaria certo que coletividades pudessem ser imputadas e terceiro porque jamais poderíamos imputar o conceito de responsabilidade ao filósofo, pois sua influência pouco ou nada depende de sua atividade (ainda para casos muitos extremos como o de um Sartre).

Em pequeno axioma pensamos ser correto dizer que a influência dos filósofos, ou a influência das idéias na vida prática é sempre muito menor do que pretende o filósofo e sempre muito maior do que pretende o historiador. Para a intempestividade: muito menor do que esperamos e muito maior do que imaginamos. Contudo, os malabarismos que Poulantzas utiliza para absolver o marxismo são completamente absurdos, assim como suas analogias. É uma defesa verdadeiramente ruim de o marxismo afirmar que a ligação do marxismo ao regime de Stalin e as desventuras do leste é comparável à ligação entre Rousseau e os totalitarismos ou entre Jesus e as ditaduras ibéricas. Todas as comparações são absurdas, ainda que a ligação entre Stalin e as idéias de Marx – principalmente se pensarmos no Manifesto do Partido Comunista – seja muito mais factual do que entre Jesus e Franco.
Se “[s]empre existe uma distância estrutural entre teoria e a prática, entre teoria e o real” essa distância não pode ser invocada para quebrar as possíveis responsabilizações e não ser invocada para justificar a ausência de uma teoria geral do Estado. O argumento da impossibilidade de uma teoria geral é bastante coerente, contudo essa linha narrativa estabelece vinculação necessária entre teoria e prática. Não podemos jogar fora o fato de que o marxismo é uma estrutura teórica eminentemente prática. Com intensidade tal que a separação entre teoria e práxis chega a não fazer sentido. De modo que em largas linhas concordamos com as conclusões alcançadas por Poulantzas, mas não concordamos com a escada que usou para subir nesse telhado.

Estado e ideologia ou crenças? 

A implicância de Poulantzas com aqueles que se vale de Marx de modo não ortodoxo é bastante significativa, cremos que poderia dialogar com mais generosidade se levasse um pouco mais a sério os seus aparentes oponentes enquanto intérpretes do marxismo. Os principais “detratores” do “verdadeiro” marxismo para Poulantzas são Foucault e Deleuze. Dialogar a partir de Foucault e Deleuze contra Poulantzas seria uma covardia, porque contamos com uma visão geral da obra dos autores malditos, com a qual Poulantzas não podia contar. Assim, ao invés de refutar Poulantzas através de um místico holismo, buscaremos explicitar sua possível precipitação no julgamento desses autores. Para então examinarmos o papel da ideologia em seu pensamento e confrontarmos o conceito de ideologia com a noção de crença.

Todos sabemos que o Estado é constitutivo das relações econômicas, tanto na sua ação, quanto na sua abstenção, da mesma forma sabemos que as formas contemporâneas do capitalismo agem contra a singularidade, contra a individualidade, contra a inventividade e a favor da individualização, da generalização e da serialização. Poulantzas tanto concorda com essas sentenças que as confirma. Vejamos um trecho de Poulantzas para depois comentarmos no contexto deste parágrafo:

 “Não existem classes sociais anteriores à sua contestação, isto é, às suas lutas. As classes sociais não se colocam “em si” nas relações de produção para entrar na luta (classes “para si”) somente depois ou noutro lugar. Situar o Estado em sua ligação com as relações de produção é delinear os contornos primeiros de sua presença na luta de classes”.

O que nos leva a perceber que a noção de classe enquanto conceito que pode ser utilizado como agente de reação contra um determinado estado de coisas demanda, antes de tudo, reação a serialização, à generalização e à individualização. Uma classe é um posto de reação a certas disposições do capitalismo, tão somente quando consegue alguma ação criativa sobre si. Alguma inventividade sobre sua condição. Alguma singularidade sobre sua função. A exposição das relações de produção serve quando aponta para o “marco zero” de onde uma classe deve ser inventada. O capitalismo possui classes ainda que não haja singularidades nessas, mas conta com classes inertes, corpos passivos com relação aos quais pode imprimir as suas marcas. A classe, no sentido marxista, rejeita as marcas externas para fundar suas próprias. Daí a noção de que o marxismo não possui dentro nem fora, mas somente relações exteriores, pois não admite que de fora seja interiorizada uma classe, para a qual regras são ditadas e papéis são estabelecidos. Silenciosamente Poulantzas se aproxima de Foucault e Deleuze. O ato criativo de composição de uma classe é traduzido enquanto condição de possibilidade para a ação política na instituição ou contra a instituição.

Poulantzas é bastante cético quanto à aceitação de uma linguagem tradicionalmente marxista, sem que essa sofra apropriações teóricas mais próximas aos problemas que deseja resolver, contudo, quando critica Deleuze parece sofrer de um preconceito terminológico, não o agrada a pluralidade terminológica, bastar dizer que Poulantzas, inclusive pelo fato de ser marxista, é um cético ruim. A perturbação, ou a taraché para os céticos, do marxismo o leva a reinventar parcelas interessantes da teoria marxista, mas não o levam reinventar a própria teoria, o pensar dentro das arestas conceituais do marxismo faz mal a Poulantzas, de modo que não aceita o padrão dos velhos marxistas, mas não consegue estar confortável em novos mundos.

Um confronto entre dois mundos pode ser encontrado no embate entre as noções de ideologia e de crença. A noção de ideologia é bastante identificada com a história mesma do marxismo, de modo que dependendo do conceito de ideologia, podemos afirmar diante de qual marxismo estamos. O marxismo de Poulantzas também conta com o conceito de ideologia, mas ao invés de estar centrado sobre os tradicionais pólos: encobrimento da realidade e dominação; encontra-se também articulado com a possibilidade dos regimes ideológicos não serem absolutamente homogêneos. A concessão, feita por Poulantzas, a uma releitura do conceito de ideologia passa pela admissão de vias transversas de influência, como quem diz: - Assim como o Estado emana ideologia para a contaminação das classes, também as classes emanam ideologia para a formação do Estado, ou seja, uma via dupla. A crença por outro lado é bastante autônoma da figura do Estado. Pelo conceito de crença entendemos a relação última de causalidade da natureza humana com o espaço e com o tempo, de modo que pelo regime da experiência é dado aos homens esperar alguma coisa do mundo da vida onde estão inseridos. A crença não possui o “conteúdo paranóico” da ideologia (entendemos por conteúdo paranóico o fato de que à ideologia, como encobridora da realidade, sempre é dado corresponder, epistemologicamente, atitude mínima de desvelamento dos processos encobridores), pois entende pela naturalidade das explicações conceituais da realidade. De modo que não existe regime explicativo imposto, mas regimes explicativos aceitados, não segundo algum voluntarismo, mas no processo social mesmo. Assim, o Estado, segundo o conceito de crença, não utiliza a crença para dominar, mas é ele mesmo uma crença. Crença essa que possui regimes próprios para a composição do poder. Por certo que a noção de crença está muito mais próxima de Foucault (episteme) e de Deleuze (aparelhos de captura) do que de Poulantzas. Contudo quando diz que a ideologia “... produz discurso segmentar e fragmentado segundo as diretrizes da estratégia do poder ”, aproxima-se enormemente de uma filosofia das crenças. A noção de estratégia difusa do poder não pode ser interpretada como encobridora, mas como reveladora de um estado de coisas. A política utiliza crenças para a convalidação do exercício do poder. Cabe, portanto, indagar o que é o poder?

Poulantzas entende o poder como a ação de dominação do Estado com relação a uma classe, de modo que, ainda que o Estado sofra muitas influências para a composição de sua ideologia, predominantemente evidencia o exercício da reprodução dos poderes de classe nas relações de produção.

Para Poulantzas, e somente essa idéia é suficiente para colocá-lo no panteão dos grandes pensadores, o poder é exercido sob a forma de violência sobre o corpo. Meios efetivos de manipulação e devoração de corpos; mecanismos de mutilação, de normalização e de ordenação de corpos; agências capazes de fazer morrer, de fazer viver e de deixar morrer são os elementos pelos quais o poder é exercido. Poder possui estreita relação com a força, mas essa possui dimensões das mais variadas, como o terror e o trauma, de maneira que a mera persuasão física é somente uma das peças desse intrincado fenômeno. O exercício do poder sobre o corpo extrapola o regime da biologia e adentra no terreno das instituições, de uma tal forma que Poulantzas chega a dizer que um corpo não é uma unidade personalíssima, mas uma instituição política.

Por certo que Poulantzas localiza o exercício do poder no Estado. As ideologias são modos da ação sobre o corpo. O silogismo final é composto com a união entre Estado e ideologia agindo sobre o corpo, instituição política de um intrincado jogo de aparelhos de dominação. Muitas críticas podem ser feitas a essa precipitada união de idéias empreendida por Poulantzas, mas se deslocarmos o poder do Estado para a imanência da política, enquanto regime de composição e interação de crenças; teremos uma imagem completamente nova da política, uma imagem que não é mais inteiramente marxista, mas que parte de Marx. Para isso temos que nos comprometer com as teses, de Foucault e Deleuze, segundo as quais o poder nunca é centralizado, pois o poder não possui um dentro e um fora, não havendo aqueles que usam o poder e aqueles que sofrem a ação do poder, mas apenas o poder.

A produção de cenários onde a figura do poder é relevante deve ser compreendida sempre dehors. Ao mesmo tempo em que o poder é mobilizado no Estado, a possibilidade do poder já foi permitida em outro momento da vida social. A sociedade exerce poder quando permite o poder, e mesmo em sua subjugação. Paradoxalmente (porque contraria a essência de sua tese) Poulantzas recorda que o poder exercido por Hitler não seria possível sem o poder exercido pelos alemães, assim como o anti-semitismo de Hitler não realizou sozinho o extermínio; do ponto de vista da moralidade existem vítimas e algozes, mas no ponto de vista do poder existe um contínuo exercício de influências. Não existem desinteressados passivos no jogo do poder. A própria servidão é uma ação de passividade. Não é a toa que o Discurso sobre a servidão voluntária de La Boétie seja invocado constantemente pela tradição em filosofia política inaugurada por Pierre Clastres (a afinidade de Deleuze com Clastres é conhecida).

Poulantzas é melhor marxista do que Foucault e Deleuze. Mas o marxismo de Poulantzas não é a única teoria marxista sobre o poder, como não é o único regime teórico sobre as ideologias, da mesma forma como a ideologia não é o único conceito que nos ajuda a compreender o poder. Uma leitura sistemática e complementar entre Poulantzas, Foucault e Deleuze tem muito mais a acrescentar aos debates sobre o marxismo do que parece crer Poulantzas. As análises de Foucault e Deleuze sobre o marxismo acabam por subvertê-lo um pouco, no sentido de que vai contra o “verdadeiro marxismo”, mas ao incluir categorias diminutas como: a definição do poder como sendo composto por microvilosidades de influências, torna sem sentido a pergunta: - Está fora ou dentro do Estado? Não porque responde como Hegel que tudo está dentro do Estado, mas porque afirma que o Estado, como todos os poderes, está diminutamente localizado, de modo que está sempre “fora” das categorias.

Referência:

Poulantzas, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. Tradução Rita Lima. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981.
*Jeorge Luiz Cardozo é professor mestre e assessor técnico da secretaria municipal da educação de Salvador.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

- América Latina para além dos dados

Brasil de fato, São paulo,21 julho de 2011.

América Latina para além dos dados

 
21/07/2011
 
por: Roberta Traspadini
 
Segundo a Cepal, somos 594 milhões de latinoamericanos. Em nosso fértil território com profundas possibilidades de inclusão e de pertença, vivem 183 milhões de pobres e 74 milhões de indigentes, fruto do histórico modo de produção capitalista.
Na divisão por idade somos compostos por uma maioria jovem: 27,3% (até 14 anos); 33,6% (15 a 34 anos), 19% (35 a 49), 11,8% (50 a 64 anos), e 8,3% com 65 anos para cima.
Temos uma população economicamente ativa (PEA) de quase 277 milhões, dos quais 164 milhões são homens e 113 são mulheres.
Nos últimos anos, aumentou no continente o emprego formal (51%), frente à queda no índice de desemprego (em 2000 era de 10,4%, em 2010 caiu para 7,6%).
Com uma população urbana de 79,3%, uma taxa de analfabetismo de 8,3% na população acima de 15 anos, e uma taxa de fecundidade de 2,3 filhos por casa ao longo dos anos 2000, a América Latina, vai traçando hoje o que será a ordem do dia da produção de vida de amanhã.
1. Questão social e educação
Na questão social da educação, dois dados merecem atenção.
1) os 20% mais ricos se apropriam 19,3 vezes a mais da riqueza e da renda no continente, em comparação aos 20% mais pobres.
2) dos jovens entre 25 a 29 anos, apenas 8,3% concluíram o terceiro grau. Na comparação entre jovens ricos e pobres, apenas um jovem pobre consegue concluir o 3º grau, em comparação a 27 jovens de melhor poder aquisitivo que terminam.
A situação das jovens mulheres latinoamericanas de 15 a 29 anos, é ainda mais complexa. Enquanto 80% das jovens com maior renda participam do mercado de trabalho formal no continente, menos de 50% das jovens pobres conseguem estabelecer vínculos formais.
O gasto público com educação é de 5% do PIB e o total de estudantes públicos na região é de 91 milhões no ensino fundamental e médio, em contraposição a 19 milhões em escolas particulares.
2. O que os dados não mostram
Os resultados do período neoliberal são catastróficos. A aparente melhoria de vida encobre a essência do endividamento e da nova forma do capital apostar nos seus ganhos sem fronteiras, utilizando para isto as políticas públicas para revigorar seus ganhos.
A corrida do grande capital tem gerado uma forma de fazer política cujo conteúdo histórico segue o mesmo: a apropriação privada da riqueza e da renda advinda da exploração do trabalho em solo latinoamericano.
Por um lado, os trabalhadores são induzidos a uma nova lógica de consumo e, para produzirem sua sobrevivência com base numa gama de necessidades técnico-científicas oriundas da produção dos países centrais, entram no caminho sem volta do endividamento pessoal.
Por outro lado, o capital industrial dá passo atrás e retoma a histórica participação latina de produtora de bens primários para abastecer os países centrais.
Os latinoamericanos transformam-se assim, desde a infância, em consumidores dos atuais bens vendidos como de primeira necessidade – celulares, computadores, vários mps, entre outros. Para isto, precisam ser primeiro consumidores de crédito para depois adquirir tais bens.
O endividamento familiar torna-se peça chave da inclusão nessa sociedade na qual os latinos trabalham, mas que não os permite consumir o básico necessário com o salário que ganham.
A educação precária torna-se regra da operação do capital no continente, tanto no que tange à remuneração e contratação dos professores, quanto ao conteúdo das disciplinas formais lecionadas.
A educação formal para o consumo e não necessariamente o trabalho formal, empobrece a compreensão de totalidade da jovem futura classe trabalhadora e reforça o palco fértil para a consolidação da alienação como requisito básico de venda de bens importantes mas não necessariamente vitais.
Nessa linha, o desenvolvimento como sinônimo de consumo, modernidade e tecnologia ganha mais força do que nunca e entra na mentalidade da classe que vive do trabalho como algo natural em vez de construído historicamente.
O cenário latinoamericano necessita de políticas públicas de Estado que promovam mudanças substantivas no que diz respeito à tomada do poder e da orientação sobre a prioridade do pacto social no continente, com primazia para a centralidade do trabalho e da educação.
Além disto, requer que a política de integração crie condições para que a prioridade dos sujeitos coloque limites à soberania dos mercados liderados pelo capital (inter)nacional. A integração dos povos necessita modificar o histórico caminho no continente em que desenvolvimento e dependência aparecem como constitutivos do sentido do trabalho alienado.
Necessitamos com urgência de uma política de Estado de transição que coloque na trilha as modificações estruturais que reorientem o sentido do trabalho, da socialização da produção, da riqueza e da renda no território. Caso contrário, a melhoria dos dados permanecerá como sinônimo de uma conta maior a ser paga pelo trabalho.
 
Roberta Traspadini é economista, educadora popular, integrante da consulta popular/ES.
 

- Objetivo da formação política


                            Objetivo da formação política
 Realizar uma  práxis militante transformadora

por: professor Eliziário Andrade


        A visão de mundo da APS e sua forma de organização têm por base as referências teóricas de Marx, Engels, Gramsci, Lênin e outros pensadores revolucionários. Essas referências, no entanto, não são dogmas inquestionáveis, conhecimentos auto-reveladores, nem manuais, sobretudo no que se refere às formas de luta e de organização, que devem subordinar-se à política e às condições reais em que se dá a luta de classes, em cada momento histórico, em cada país e em cada contexto. A teoria revolucionária, portanto, não é cópia mecânica e doutrinária de qualquer modelo transposto para nosso país e realidade. Em verdade, Marx, tal como Lênin e Gramsci nunca generalizaram experiências locais, limitadas no espaço e no tempo, ao contrário, deram relevância às condições particulares e históricas em que a luta de classes e revolucionária se desenvolvem.

     Para nossa compreensão do materialismo histórico dialético tem – como método e teoria – a atualidade da revolução socialista da classe despossuída dos meios de produção como premissa. Neste sentido, a revolução constitui o núcleo da doutrina marxista, como fundamento objetivo para a transformação efetiva da história e como chave para a sua compreensão enquanto teoria da práxis transformadora, visando à ruptura radical com o capital e a emancipação dos trabalhadores da lógica que explora, oprime, aliena e nega a condição humana de se desenvolver plenamente.

 E mesmo na atualidade, como bem assinala Florestan Fernandes,

 “(...) a necessidade da revolução contra o capital nem desapareceu para sempre, graças às ‘reformas capitalistas do capitalismo’, nem se atenuou ou foi vergada pelo nosso sistema de poder mundial do capitalismo. Essa necessidade se mantém tão viva e tão forte que a contra-revolução em escala mundial não logra atingir mais do que seus fins superficiais, ainda que isso seja bem visível nas nações capitalistas de periferia. O que importa: a ‘verdadeira revolução’ cresce juntamente com a modernização e a internacionalização do capital: a contra-revolução ativa ou reativa o seu contrário, o que faz com que hoje o marxismo seja tão verdadeiro e ameaçador na esfera da práxis, quanto na teoria” (Florestan, F. “Nós e o marxismo”. In: Cadernos Ensaio 1, S. Paulo: Ed. Ensaio, 1987).

  Entre a esfera da práxis e da teoria, há uma relação dialética que nos permite compreender que só no plano prático, é possível demonstrar um conhecimento verdadeiro sobre os problemas que a realidade nos impõe. Por isso o militante em sua formação deve atentar para o que Marx  adverte sobre a dimensão verdadeira ou falsa de um pensamento, de uma teoria ou reflexão sobre a realidade e os fatos.                                      

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
“O problema de se ao pensamento humano corresponde uma verdade objetiva não é um problema da teoria, e sim um problema prático. É na prática que o homem tem que demonstrar a verdade, isto é a realidade, e a força, o caráter terreno de seu pensamento. O debate sobre a realidade ou a irrealidade de um pensamento isolado da prática é um problema puramente escolástico” (K. Marx. II Tese sobre Feuerbach. Obras Escolhidas. Vol.3, Rio de Janeiro: Ed. Vitória, 1963).
                            


        Entende-se que a teoria descolada da atividade prática e sensível do homem enquanto um ser social, da materialidade da sua vida e da sua cultura, não pode nos levar a nenhum conhecimento ou elucidação da essência da “coisa em si”, mas apenas há uma abstração alta referenciada na razão, em sua lógica formal e interna ou na subjetividade interior. Por esse motivo, Marx esclarece que “A coincidência da modificação das circunstâncias e da atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente compreendida como prática transformadora” (Ibidem, tese III).
  
     É preciso, todavia, compreender o critério da práxis como elemento fundante do pensamento de Marx, não como sinônimo de hiperativismo, antintelectualismo. A sua intenção quando apresenta a famosa tese XI sobre Feuerbach, “Até agora os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo; trata-se agora é de transformá-lo”, é dizer de forma profunda que a transformação do mundo é a condição de uma interpretação correta e objetiva e esta perspectiva implica num ato político, na ação, e não meramente numa solução “teórica”.

     Aqui, o que Marx procura mostrar é que – independente da nossa vontade - sempre há práxis (na maior parte das vezes inconsciente) no movimento da própria realidade e história. O pensamento hegemônico e a ideologia dominante, respaldados pela fetiche da imediaticidade da vida e universalidade empírica, tendem a ocultar essa unidade profunda entre teoria e prática; busca separá-las para legitimar o universo teórico de “pura interpretação” da realidade. Mas, como o próprio Marx, enfatiza, não há leitura ingênua, compreensão pura ou neutra. Toda interpretação do mundo, toda forma de conhecimento do real está inevitavelmente situada pelo posicionamento de classes, bem como pela perspectiva político-ideológica, os interesses materiais, os condicionamentos culturais ou a subjetividade – consciente ou não – do intérprete do real que não é um ser isolado, encerrado em si mesmo, mas situa-se numa condição histórica, social, de classe e cultural.

 Portanto, ao negar essa unidade dialética entre teoria e prática, entre o pensamento e a materialidade da vida real, a ideologia dominante nos impõe um conhecimento pseudoconcreto (fragmentado, aparente, desraizado, amparado apenas na dimensão empírica imediata), ocultando e desconstruindo as relações complexas da totalidade da formação sócio-econômica, jurídico-político e cultural para manter um conhecimento que é propriamente um ato de dissimulação e fuga da natureza determinativa do real, isto é, da “coisa em si” que produziu e continua – em seu movimento - gerando a existência do real. Isto porque, a burguesia enquanto sujeito histórico dominante que encarna os objetivos e a lógica que rege o capital – não pode conhecer e admitir a existência da “coisa em si”, de sua essência, a de que o mundo real é resultado de um processo de produção fundado na expropriação do trabalho (fonte geradora da riqueza) e de sua alienação. Algo que, no mínimo, abriria a possibilidade de questionamento e deslegitimação da sua própria “particularidade” histórica que a burguesia e seus aliados preferem crer que é “universal”, eterna e natural.

 Por essa razão, a APS compreende que a formação política do militante, torna-se uma necessidade cada vez mais premente no seio da luta de classes, no processo de organização do proletariado, no estudo teórico do marxismo, da realidade brasileira e mundial e na perspectiva da construção da sociedade socialista, rumo ao comunismo. O que afasta de qualquer noção elitista, diletante de formação política do militante, deve ser visto, na visão de Gramsci, como um “intelectual orgânico”, no sentido de estudar, ser organizado, organizar as classes trabalhadoras e possuir um estreito vinculo com os objetivos táticos e estratégicos das classes trabalhadoras.

A APS é um meio, um instrumento a serviço da ação revolucionária e do projeto político de construção do socialismo em nosso país. Mas, para atingir esse objetivo, o militante precisa contribuir com o estudo teórico do marxismo e aprofundar o conhecimento sobre a realidade na qual intervém de forma coletiva e organizada. O que diferencia o militante da APS de um mero grupo de ativistas do movimento, que atua na realidade estimulado apenas por sua intuição, emoção e desejos imediatos, pela impulsão ou explosão dos movimentos. É muito mais que isso, consiste em se apropriar do instrumental teórico necessário à interpretação cada vez mais complexa da realidade contemporânea, capaz de orientar e conduzir sua ação sistematizada e calculada a partir da concepção tática e estratégica da nossa organização política. Trata-se de uma práxis reflexiva que interage com o conhecimento do espontâneo no seio da ação das massas e, por conseguinte, se torna verdadeiramente revolucionária. Tal é o sentido dessa formulação de Lênin: “Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário”. É o que chamamos de práxis transformadora, criativa que não superestima o elemento espontâneo nem o elemento reflexivo isoladamente, pois, no primeiro caso, teríamos o aviltamento do papel da teoria na prática revolucionária e, no segundo, o desconhecimento dos elementos espontâneos que surgem no início ou durante o processo prático revolucionário.

       A obra de Marx, no que diz respeito à transformação revolucionária da sociedade, tem por base uma justa relação dialética entre ambas as dimensões: consciência das condições objetivas da realidade e do desenvolvimento subjetivo, espontâneo do sujeito social em sua atividade política. Mas, não se passa diretamente de uma práxis espontânea a uma práxis transformadora, criativa, mesmo considerando a interação entre ambas as dimensões e a existência de vislumbres de consciência na primeira situação. Quer reportemos ao militante ou a classe trabalhadora é necessário apropriar-se de uma consciência e ideologia transformadora, contra hegemônica, socialista e revolucionária durante a atividade política e os objetivos definidos, no terreno da conflitividade social e econômica da luta de classes.

 Dessa maneira, a formação política DO MILITANTE da APS, é uma preparação para a luta revolucionária, uma escola onde se disputam – no cenário da cultura dominante – a consciência e ação para um projeto socialista de transformação da sociedade para além do capital, onde se possa abrir caminho para a emancipação completa do trabalho e do homem dos ditames das leis que regem a reprodução material da sociedade capitalista. Por isso, formamos militantes, sobretudo, anticapitalistas, socialistas, comunistas e solidários, não para constituir  uma seita sectária, fechada, doutrinarista, autoritária – mas sim, para realizar objetivos de forma aberta, reflexiva e transformadora; tarefas que colocarão em movimento os nossos sonhos. Sonhos possíveis que, parafraseando Lênin, podem ser escrupulosamente construídos e realizados a partir da doação voluntária e compromisso com os seus princípios e ideário.

       

- Isolado no PT, Suplicy é convidado a se filiar ao PSOL

Isolado no PT, Suplicy é convidado a se filiar ao PSOL.

Por: professor Cardozo

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou a irritar a cúpula petista no estado ao defender a realização de prévias para a escolha do candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Por outro lado, ele atraiu a atenção do PSOL.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) convidou-o a se filiar ao partido. Argumentou que seria melhor acolhido entre os socialistas do que entre petistas. “Ele me disse que o PSOL tem muita afinidade com minhas posições éticas”, afirmou o senador.

O deputado confirmou: “O Suplicy tem sido sistematicamente rejeitado no PT, mas seria bem vindo ao PSOL. Ele sempre foi muito solidário conosco no debate político nacional.” O senador não pensa em se desligar do PT, partido que ajudou a fundar e ao qual está filiado há 31 anos.

Mesmo assim, antes de encerrar a conversa com Ivan Valente, Suplicy não deixou de perguntar ao deputado se o PSOL apoiaria sua aspiração política atual, que é a candidatura à sucessão do prefeito Gilberto Kassab. A resposta foi rápida: o senador teria de se submeter às previas do partido, mesmo estilo que defende para o PT.

Para irritação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pedido de prévias feito por Suplicy foi levado ao presidente do PT municipal, vereador Antonio Donato, na noite de segunda-feira (18). Na conversa, Suplicy também afirmou sua intenção de colocar seu nome na disputa interna como pré-candidato. "Queria trocar ideias sobre a importância de realizar prévias", afirmou o senador. "E acho que é legítimo que eu também possa ser considerado como candidato."

O tema das prévias é desconfortável no PT desde que o próprio Suplicy insistiu em uma eleição interna para a escolha do candidato a presidente em 2002. Na ocasião, enfrentou Lula e perdeu por 84,4% a 15,6%. Muitos petistas acreditavam, como creem agora, que o candidato deveria ser escolhido por consenso — a defesa nas prévias desgastou o senador dentro da sigla.

Mais de um ano antes da eleição, as correntes petistas trabalham por um acordo que evite a eleição interna. Apesar disso, aliados da senadora Marta Suplicy indicaram que, se o ministro da Educação, Fernando Haddad, entrasse na disputa, ela pediria prévias. Na semana passada, o ministro disse que seu nome está na disputa.

Marta e Haddad são os dois nomes fortes que anunciaram a disposição de concorrer. O ministro tem Lula como cabo eleitoral. Já os aliados de Marta usam as prévias como forma de mostrar que a militância prefere a senadora a Haddad.

Além deles, os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini já anunciar a disposição de concorrer. O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, é outro que pode entrar na disputa.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

- Cara (o) professoras (es) coordenadora (es),

Cara (o) professoras (es) coordenadora (es),

O bom senso ou razão é ou deveria ser a coisa do mundo mais bem partilhada, pois, cada pessoa deseja ser mais racional do que o é. (René Descartes) (grifo nosso).

Quanto a mim, ao longo minha vida, em certo momento, até desejei também ser mais racional do que o sou. Porém, as pessoas costumam esquecer que é em nossa relação com os outros que agimos de modo justo que demonstramos coragem e outras virtudes, respeitando o direito dos outros em todos os contratos e ações mútuas de todo tipo, assim como em nossas ações profissionais, pois todas essas são experiências humanas. Algumas delas são mesmo consideradas como estando de vários modos, intimamente relacionadas com a falta ou excesso de bom senso. A prudência está fortemente relacionada ao bem moral e o bem moral com a prudência, uma vez que os princípios fundamentais da prudência são dados pelas virtudes, e o padrão correto para as virtudes é estabelecido pela prudência.

Está claro então que em toda a nossa conduta o mais recomendável é sempre o meio termo. Mas devemos nos inclinar por vezes para o excesso, por vezes para a falta, pois dessa maneira, com mais facilidades, alcançamos a justa medida, ou seja, o procedimento correto.

Caros professores e coordenadores, o que quero dizer com as linhas acima, é que está se aproximando mais uma eleição em nosso sindicato (APLB) e, portanto, é o momento de refletimos sobre o verdadeiro papel do sindicato que é, em última instância, defender os interesses da classe e não, está atrelado ao governo como acontece no atual momento da APLB que, aparelhada pela atual gestão, tendo o P C do B a frente, partido esse que tem cargos tanto no governo estadual como no federal, inviabilizando qualquer discussão de interesse da classe que envolva estes dois governos, pois, com medo de perder os cargos detentores, os atuais dirigentes, tem evitado qualquer movimento que vá de encontro a essas gestões. Destarte, este grupo que administra o sindicato já está aí, por mais de 20 anos, portanto, se acham dono do sindicato e não tem estado do lado dos profissionais da educação. O que vemos hoje é o desrespeito com que o governo aliado da atual gestão do sindicato tem feito com os professores, ou seja, desrespeito e mais desrespeito, arrocho salarial, terceirização em massa, comcursados não são chamados entre outras atitudes que fere os direitos constitucionais dos professores e demais envolvidos com a educação.  

Portanto, podemos viver um novo momento nas lutas sindicais com a nova eleição que está por vir na nossa entidade. É chegado o momento de darmos um basta na mesmice que estagnou a APLB a apêndice do governo estadual e federal. Precisamos de novas forças e de pessoas comprometidas com o atual momento de luta contra a ação devastadora das políticas sociais-liberais do atual governo apoiada pela atual gestão da APLB que, só engorda cada vez mais a contas de banqueiros, grandes agricultores, empreiteiros e lobistas do mercado financeiro.

Por esta causa, que apoio e peço aos amigos professores que também votem e apóiem a chapa 02 de oposição à atual gestão da APLB. Lembro ainda, que esta oposição não é só de nomes novos e sim, de uma nova forma de fazer sindicato, com ética, coerência e os interesses dos professores e da educação pública e gratuita acima de qualquer interesse amiúde de pessoas ou partidos políticos.

OS HOMENS ATÉ O MOMENTO SÓ FIZERAM INTREPRETAR O MUNDO,
O MAIS IMPORTANTE AINDA NÃO FIZERAM,
QUE É TRANSFORMÁ-LO.

VOTE E APÓIEM A CHAPA 02.

Saudações,

Professor Cardozo.